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Culto, todos os domingos, às 19horas.

Mensagens de esperança e encorajamento.

Uma palavra de esperança para os momentos mais difíceis da vida.

Nenhum relacionamento sobrevive sem investimento.

Dia 15/06, sábado, às 19h, no cerimonial Castelinho - Bairro República. Investimento: R$ 90,00 (casal) - Informações: 9619-7838.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Deus forte

MIGHTY-GOD“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu;  o governo está sobre os seus ombros;  e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6)

Jesus não é apenas um Maravilhoso Conselheiro, Ele é também o Deus Forte (El-gibbôr, em hebraico) uma expressão que também aparece em Isaías 10.21. El significa “Deus” e Gibbôr significa que “um guerreiro”. Assim, o termo “Deus Forte” é realmente um título militar. Ele é o Deus que luta pelo seu povo! Jesus Cristo é o Deus poderoso na batalha.

No Salmo 24, o rei Davi pergunta: “Quem é o Rei da glória?” Em seguida temos a resposta: “O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na batalha” (v. 8).

Há algo mais importante neste título. Pegue os dois primeiros títulos juntos e o que você tem?

Como o Maravilhoso Conselheiro - Ele faz os planos.

Como o Poderoso Deus Ele faz planos de trabalho.

Ele é o Deus Forte porque precisamos de ajuda divina para nossa batalha diária contra Satanás, contra o mundo e o pecado que nos assedia... Mas, Ele é o Deus forte que os derrotou na cruz!

Como conselheiro, Ele tem a sabedoria para governar com justiça, e como o Deus Forte, Ele tem o poder para executar seus planos sábios.

Você não pode realmente desfrutar do verdadeiro Natal até que você tenha recebido este presente. Você já fez isso?

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Você está preparado para a vinda de Cristo?

praise O conhecimento de que Jesus voltará em breve não deve levar os cristãos a uma vida de espera ociosa e relapsa (cf. 2Ts 3.10-12). Pelo contrário, deve produzir obediência e adoração a Deus, e o desejo de proclamar o evangelho aos incrédulos.

“Disse-me ainda: Não seles as palavras da profecia deste livro...” – A mensagem do Apocalipse não é para ser escondida (cf. 10, 11), é uma mensagem para ser proclamada e produzir obediência e adoração.[1] A profecia de João não se destinava a alguma geração remota, mas a toda a igreja cristã, incluindo a geração de João.[2] Assim, ao contrário de Daniel (Dn 8.26; 12.4-10), João foi instruído a não selar as palavras do Apocalipse. Os santos na terra são chamados a proclamar imediatamente este livro porque a vinda de Cristo é iminente, desde o primeiro dia de João até o presente.

“... o tempo está próximo...” – Como o livro de Apocalipse não foi escrito apenas para alguma geração remota, mas a toda a igreja cristã, incluindo a geração de João, deste modo, o apóstolo não deve selar o livro (a profecia), mas deixá-lo aberto, a fim de que todos possam ler. O Altíssimo está alertando seu povo para que esteja preparado para o fim dos tempos. Ou seja, desde a primeira vinda de Cristo, o tempo do fim se iniciou.

“Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se” – Esse versículo não é uma recomendação à prática do pecado, mas um abandono do mesmo. A palavra “continue” indica um processo contínuo. Ela produz uma vida de degradação ou uma vida de santidade. Não existe meio termo, ou alguém cresce na graça e estatura como cristão ou se afunda no mais profundo abismo como pecador. O advérbio “ainda” (eti, em grego), pode ter o sentido de “ainda mais”. Nesse caso, o significado é que aqueles que fazem o mal e são imundos nesta vida serão ainda mais no inferno eterno, onde não haverá absolutamente nada de bom para atenuar seu mal[3]. Em contraste, aqueles que são justos e santos nesta vida serão perfeitamente santos em seus corpos glorificados no céu. A resposta das pessoas as boas-novas do Evangelho nesta vida determinará seu destino eterno.

No entanto, à medida que João se aproxima do fim do livro, ele vai preparando o último convite de Deus aos pecadores: “O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida” (v. 17). Todavia, haverá uma hora em que será tarde demais para se arrepender.

“E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras” (v. 12) – O versículo doze é uma confirmação do versículo onze. O Senhor Jesus declara que sua vinda é iminente. Ele ensina a mesma verdade em Marcos 13.33-37.

“E eis que venho sem demora...” Jesus diz que em breve voltará (v 7, 20) e então recompensará a cada um segundo as suas obras. Mas, se Ele prometeu voltar em breve, porque Ele ainda não voltou? A resposta está registrada na carta do apóstolo Pedro. Deus deseja dar ao homem a oportunidade de arrepender-se para que seja salvo (2Pe 3.9).

“... e comigo está o galardão...” – O termo “galardão” não tem nenhuma conexão com o conceito “tesouro celestial” (Mt 6.19), porque qualquer galardão que porventura Deus dê é com base na graça imerecida.[4] Nossas boas obras serão a medida da recompensa que recebermos pela graça, embora elas não a mereçam.[5] Ou seja, o que o homem semear isso também ceifará. Apesar disso, a alegria de cada indivíduo será perfeita e completa.[6] Segundo John MacArthur, “a recompensa dos crentes será a capacidade de servir a Deus, quanto maior a fidelidade nesta vida, maior será sua oportunidade de servir no céu (cf. Mt 25.14-30)”[7]. Sabendo disso, João exortou aos crentes, “Acautelai-vos, para não perderdes aquilo que temos realizado com esforço, mas para receberdes completo galardão” (2Jo 8).

Conclusão:

Todos os cristãos devem permanecer vigilantes e trabalhar na expectativa do retorno do Senhor. Tendo em vista a certeza da segunda vinda e a irreversibilidade do julgamento que se sucederá é imperativo que vivamos de acordo com a volta de Cristo.[8] Ninguém sabe o dia nem à hora (Mt 24.36). Cada geração deve estar desperta, como se a vinda do Senhor estivesse às portas (Mt 24.42-44).

Você está preparado para a vinda de Cristo? Caso contrário, hoje é tempo de alinhar a sua vida com Deus. Não tenha medo ou vergonha de voltar-se para Deus. João Calvino disse que “todo o pecado é mortal no sentido de que ele merece a morte, mas nenhum pecado é tão grave que possa destruir a graça da justificação”. Não há benção sem santidade. É hora de voltar para o Pai, ou como Tiago colocou: “chegai-vos a Deus e Ele se chegará a vós outros” (4.8).


[1] MacArthur, John: Revelation 12-22. Chicago, Ill. : Moody Press, 2000, S. 297

[2] LADD, George. Apocalipse, introdução e comentário. São Paulo: Editora Vida Nova, 1984, p. 217.

[3] MacArthur, John: Revelation 12-22. Chicago, Ill. : Moody Press, 2000, S. 297

[4] KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento, Apocalipse. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004, p. 740.

[5] NORA, Anibal. Explicação Popular do Apocalipse. Rio de Janeiro: Editora O Puritano, 1958, p. 142.

[6] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 679.

[7] MacArthur, John: Revelation 12-22. Chicago, Ill. : Moody Press, 2000, S. 299

[8] ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Vida Nova, 2002, p. 508.

maravilhoso conselheiro

wonderful counselor_tIsaías, que profetizou cerca de 700 anos de Jesus nascer, declarou que o Messias teria quatro nomes: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6).

Cada um dos nomes expõe um aspecto de seu caráter. Estes quatro nomes nos falam sobre a sabedoria, poder, paz e segurança do Filho de Deus.

I. Maravilhoso Conselheiro

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro...”

Ele será Maravilhoso Conselheiro que pode ser traduzido como “Excepcional” ou “distinto”.[1]

O termo “maravilhoso” (pala’, em hebraico) aparece cerca de 70 vezes no Antigo Testamento. O verbo é encontrado pela primeira vez em Gênesis, quando Deus promete um filho a Abraão, e de repente, Sara começa a rir da promessa de Deus: “Acaso, para o SENHOR há coisa demasiadamente difícil (maravilhoso)? Daqui a um ano, neste mesmo tempo, voltarei a ti, e Sara terá um filho” (Gn 18.14).

Os escritores do Antigo Testamento usavam essa expressão para falar dos atos de Deus, que o homem não pode entender.[2] Mas o que isso significa? Jesus é aquele cujos planos, objetivos, projetos e decretos para o seu povo são maravilhosos.

Hoje, as pessoas clamam por orientação e sabedoria. As pessoas buscam orientação para seus problemas através de psicólogos, psiquiatras, analistas e em livros de autoajuda. Porém, não encontram!

Todavia, quando você lê a Palavra de Deus, o profeta Isaías declara que existe um Conselheiro Maravilhoso, Jesus Cristo, o Filho de Deus. O Conselheiro perfeito. Aquele que conhece tudo, um Conselheiro que realmente conhece todas as coisas. Você não gostaria de ter um conselheiro assim?

Ele sabe tudo sobre você, Ele conhece todas as necessidades do seu coração, Ele sabe como responder a essas necessidades, Ele sabe o que é melhor para você, Ele sabe como resolver os seus problemas. Ele sabe o que você realmente precisa. Além disso, Ele está sempre disponível, Ele nunca abandona você. Ele está o tempo todo disponível para aconselhá-lo em todos os momentos de sua vida.

Que criança é esta? Ele é o Maravilhoso Conselheiro.


[1] Walvoord, J. F., Zuck, R. B., & Dallas Theological Seminary. (1985). The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Is 9.6–7). Wheaton, IL: Victor Books.

[2] O termo “Conselheiro” aparece pela primeira vez em Gênesis. Quando Jetro (sogro de Moisés), vendo o tremendo fardo do genro, diz: “Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do SENHOR e pratiquem a justiça e o juízo; para que o SENHOR faça vir sobre Abraão o que tem falado a seu respeito” (Êx 18.19). Ele, então, dá ao genro um plano organizacional e aconselha-o a realizar as responsabilidades administrativas de governar e julgar o seu povo . Jetro dá conselhos de sabedoria atingidos por idade e/ou experiência. Gilchrist, P. R. (1999). 887 יָעַץ. In R. L. Harris, G. L. Archer, Jr. & B. K. Waltke (Eds.), Theological Wordbook of the Old Testament (R. L. Harris, G. L. Archer, Jr. & B. K. Waltke, Ed.) (electronic ed.) (390). Chicago: Moody Press.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

os cristãos devem celebrar o natal?

nativity siloutte082 As Escrituras não ordenam especificamente que os crentes celebrem o Natal — não há “Dias Sagrados” prescritos que a igreja deva celebrar. De fato, o Natal não era observado como uma festividade até muito após o período bíblico. Não foi antes de meados do século V que o Natal recebeu  algum reconhecimento oficial.
Nós cremos que celebrar o Natal não é uma questão de certo ou errado, visto que Romanos 14.5-6 nos fornece a liberdade para decidir se observaremos ou não dias especiais:
“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus” (Romanos 14.5-6).
De acordo com esses versos, um cristão pode, legitimamente, separar qualquer dia — incluindo o Natal — como um dia para o Senhor. Cremos que o Natal proporciona aos crentes uma grande oportunidade para exaltar Jesus Cristo.
Primeiro, a temporada de Natal nos lembra das grandes verdades da Encarnação. Recordar as verdades importantes sobre Cristo e o evangelho é um tema prevalecente no Novo Testamento (1Coríntios 11.25; 2Pedro 1.12-15; 2Tessalonicenses 2.5). A verdade necessita de repetição, pois nós facilmente a esquecemos. Assim, devemos celebrar o Natal para recordar o nascimento de Cristo e nos maravilhar ante o mistério da Encarnação.
O Natal também pode ser um tempo para adoração reverente. Os pastores glorificaram e louvaram a Deus pelo nascimento de Jesus, o Messias. Eles se regozijaram quando os anjos proclamaram que em Belém havia nascido um Salvador, Cristo o Senhor (Lucas 2.11). O bebê deitado na manjedoura naquele dia é nosso Senhor, o “Senhor dos senhores e Rei dos reis” (Mateus 1.21; Apocalipse 17.14).
Finalmente, as pessoas tendem a serem mais abertas ao evangelho durante as festividades de Natal. Devemos aproveitar desta abertura para testemunhar a eles da graça salvadora de Deus, através de Jesus Cristo. O Natal é principalmente sobre o Messias prometido, que veio para salvar Seu povo dos seus pecados (Mateus 1.21). A festividade nos fornece uma maravilhosa oportunidade para compartilhar esta verdade.
Embora nossa sociedade tenha deturpado a mensagem do Natal através do consumismo, dos mitos e das tradições vazias, não devemos deixar que estas coisas nos atrapalhem de apreciar o real significado do Natal. Aproveitemo-nos desta oportunidade para lembrar dEle, adorá-Lo e fielmente testemunhar dEle.
John MacArthur Jr.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Viva feliz na terceira idade!

j0401932A velhice não é um distúrbio da criação, nem muito menos castigo divino. Em termos de longevidade, é uma grande benção. Acredite nisso. Se você alcançou essa idade, é porque Deus achou por bem conservá-lo aqui na terra, acreditando que você será ainda útil e tem alguma missão a cumprir. Você deve crer que ninguém sobrevive um só dia a mais sem que isso seja do soberano propósito divino. Deus é Senhor do tempo. Ele tem em suas mãos o cronômetro da vida de cada um de nós.

Salomão acreditava nessa forma de soberania divina. E todas as vezes que expressou essa sua crença, o fez em termos de bênção: “Porque eles aumentarão os teus dias, e te acrescentarão anos de vida e paz” (Pv 3.2).  “Ouve, filho meu, e aceita as minhas palavras e se te multiplicarão os anos de vida” (Pv 4.10).

O Antigo Testamento está cheio de promessas de longevidade para aqueles que temem ao Senhor e andam nos seus caminhos. Aliás, o único mandamento com promessa, aquele que ordena honrar pai e mãe, fala do premio da longevidade: “... para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá” (Êx 20.12). Veja outras passagens: “O temor do Senhor prolonga os dias da vida mas os anos do perversos serão abreviados” (Pv 10.27); “Andareis em todo o caminho que vos manda o SENHOR, vosso Deus, para que vivais, bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuir” (Dt 5.33); “... para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados” (Dt 6.2).

A respeito de Davi, o homem segundo o coração de Deus, diz-se que ele morreu “em ditosa velhice, cheio de dias, riquezas e glória” (1Cr 29.28).

“Ditosa velhice” foi uma expressão encontrada pelo autor de Crônicas para caracterizar uma forma de bênção. “Ditoso” é aquilo ou aquele que tem dita, ventura, sorte, benção, bem-aventurança.

Abraão, “o amigo de Deus”, também morreu em “ditosa velhice” (Gn 25.7-8). Alguém já disse que a velhice é “a coroa da vida”. Num dos poucos Salmos que escreveu, Moisés ensinou-nos esta linda oração, que muito bem faríamos acrescentado-a as nossas preces diárias: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12).

Esse “contar os nossos dias” não é a contagem regressiva de um ser pré-morto, a constante expectativa da morte. É, antes, a consciência da existência diária, o dia após dia, o aproveitamento de cada instante, o presente vivido intensa e sabiamente, com propósitos e ideias bem definidos.

Mesmo que seu corpo vá se degenerando com o avançar da idade, mantenha-se espiritualmente jovem. Viva intensamente tanto quanto possível!

Kléos M. Lenz César (Extraido do livro: “Fui moço, agora sou velho... e dai?”)

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Traduções Bíblicas e suas Implicações nos Usos Litúrgico e Particular

The Interlinear Bible - Hebrew/Greek/English

Por Flávio Rodrigues

Talvez você já tenha algum dia se deparado com uma passagem na Bíblia difícil de entender. Quem sabe você já tenha procurado uma resposta para o significado do texto, mas a construção das frases parece não ajudar muito. Ou quem sabe você possua uma tradução cuja linguagem seja bastante idiomática e coloquial, e parece não ter quase ou nenhuma semelhança com aquela que você ouve ler na igreja. Você pode, então, se perguntar: “Por que essas diferenças? São confiáveis as traduções que usamos? Qual seria a versão mais fiel?”
Para respondermos a essas perguntas precisamos tecer algumas considerações sobre o que é envolvido no trabalho de tradução das Escrituras. Lembre-se, porém, de que a Bíblia é inerrante, é infalível, pois Deus é seu autor. Ao mesmo tempo foi escrita por seres humanos falíveis e pecadores como qualquer um de nós, estando sujeita à ação do tempo, de cópias manuscritas sucessivas, resultando em pequenos deslizes de ortografia, de alteração e/ou supressão de palavras ou até mesmo de passagens inteiras.
A Bíblia foi originalmente escrita em hebraico, aramaico e grego, num espaço de 1500 anos, aproximadamente. Esses idiomas diferem bastante das atuais línguas que levam o mesmo nome. Até a invenção da imprensa, no século XV, os textos bíblicos eram copiados à mão, somando milhares de manuscritos. O primeiro livro impresso graficamente foi uma edição da Bíblia na famosa versão Vulgata Latina, de Jerônimo. O trabalho de impressão levou cinco anos para ficar pronto (1450-1455)[1].
Mais tarde, com o florescimento da Reforma Protestante, houve um interesse, por parte de estudiosos, de se voltar aos textos originais. Foi assim que Erasmo, de Roterdã, preparou e imprimiu, em 1516, seu Novo Testamento Grego, que serviu de base para várias traduções feitas no período da Reforma[2]. Depois dele vários outros eruditos procuraram compilar suas próprias edições do Novo Testamento Grego[3]. Daí, um dos motivos porque temos diferenças entre as traduções da Bíblia usadas atualmente.
Sendo que existem poucas diferenças importantes entre os manuscritos hebraicos e aramaicos, passemos para algumas considerações sobre as edições do Novo Testamento Grego usadas nas traduções contemporâneas.

domingo, 25 de novembro de 2012

Já agora...

j0424440 por Rômulo de Oliveira

Não são poucas as vezes em que se escutam comentários depreciativos quanto ao valor das escolas dominicais e das reuniões de estudos bíblicos no meado das semanas. Muitas igrejas já capitularam, abriram mão – segundo o meu entendimento –, da mais importante ferramenta de capacitação que as lideranças comprometidas com o discipulado têm para municiar e consolidar a fé dos que, convidados a “virem como estão”, se preparem para a longa caminhada do “Ide”. Um “discípulo atleta”, quando percebe que a caminhada pode ser longa, não prescindirá de manter a “musculatura” hígida.

Dos púlpitos nos Cultos aos domingos, temos a oportunidade de nos postarmos ante Àquele que esteve sempre presente durante os treinos e está na “linha de largada”, e estará Glorificado naqueles que atingirem a “linha de chegada”.
Os que perseveram em aprender, e tem prazer no estudo e meditação da Palavra de Deus, os que têm buscado ânimo – não sem dores – vêem os que tendo “largando bem” vão ficando pelo caminho.

Ocorre nessa nossa maratona, ao contrário da que o apostolo Paulo usa como metáfora, a ordem de chegada não importa, porque “O reto Juiz” coroará a todos os que nunca se cansam, e correm.

Na última escola dominical, o “exercício” que me foi proposto, mesmo já o tendo repetido em muitos outros “treinos”, me acrescentou “aquecimento muscular” extra. Pois, como Paulo, posso ver já, agora, ainda quando corro meus últimos metros, a coroa da justiça que me “está guardada” .

Insta! Coragem, não desista... Venha pro “treino”.

Você pode antever o mesmo que Paulo:

“Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo” (2Tm 4.6 RC).

“Fiz o melhor que pude na corrida, cheguei até o fim, conservei a fé” (V.7 NTLH).

“Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (V.8 RA).

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O Perigo do Casamento Misto (Malaquias 2.10-12)

apple_orange_smallpor Rev. Jocarli A. G. Junior

Nosso grande inimigo, Satanás, tem uma ferramenta perigosa usada durante séculos. Ele nunca muda, e sua articulação ainda funciona como um passe de mágica em nossos dias. Ele a usa para causar estragos entre o povo de Deus e para tentar impedir o trabalho do Senhor. Que ferramenta é essa? O casamento misto!

Geralmente quando você questiona um crente que está prestes a se casar com incrédulo, as respostas são sempre as mesmas, observe:

“Eu o amo, e o amor é o que realmente importa”.

“Ele prometeu ir a Igreja comigo e as crianças”.

“Se eu romper com o relacionamento, ele não terá ninguém para conduzi-lo a Cristo. Além disso, tenho certeza de que ele vai se tornar um cristão”.

“Eu orei sobre isso e senti paz em meu coração de que esta é a vontade de Deus”.

No entanto, você precisa saber: essa nunca é a vontade de Deus! Deus deixou bem claro que é pecado para os Seus filhos se casar com pessoas ímpias. Sendo assim, Deus nunca vai desejar que você peque!

Essa é a mensagem de Malaquias 2.10-12. Os sacerdotes não viviam da maneira que Deus havia estabelecido em Sua Palavra e ainda faziam com que muitos tropeçassem (2.8 e 9). Na verdade, eles estavam se divorciando de suas esposas judaicas e se casando com mulheres estrangeiras (Ml 2.13-16). Através do profeta Malaquias, o Senhor adverte ao Seu povo contra o pecado do casamento misto.

I. O Casamento misto é um pecado contra Deus.

10 Não temos nós todos o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus?  Por que seremos desleais uns para com os outros, profanando a aliança de nossos pais?

Nosso texto descreve quatro aspectos deste pecado:

A. É um pecado contra a paternidade de Deus.

“Não temos nós todos o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus?” (v. 10) – A palavra “Pai” é provavelmente um paralelo a Deus, de modo que “Pai” se refere a Deus (cf. 1.6), não a Abraão, como alguns sugerem.[1] Israel era como filho primogênito de Deus (Êx 4.22; Os 11.1; Am 3.2). Deus criou e formou a nação de Israel (Is 43.1). Ele estabeleceu uma aliança com o povo de Israel, destacando-os de todos os outros povos (Dt 7.7). O profeta Isaías refere-se explicitamente ao Senhor como o pai de Israel: “Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó SENHOR, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antiguidade” (Is 63.16). Assim, como um Pai celestial todo-sábio, Deus tem o direito de dizer ao seu povo com quem eles podem e não podem se casar. Se Judá era o povo escolhido e redimido por um Deus que se dignou a ser o seu Pai, como é que eles poderiam abusar desta aliança?

Se você conhece a Jesus Cristo como Salvador e Senhor, você não é mais o dono de sua própria vida. Você foi comprado por um alto preço, o sangue de Cristo. Isso significa que você deve obedecer a Sua santa vontade. Ou seja, você só é livre para se casar da maneira que Deus estabeleceu em Sua Palavra. Como veremos mais adiante, Sua vontade é que você se case com alguém comprometido com o Senhor, e não com um incrédulo.

B. É um pecado contra a santidade de Deus.

“Judá profanou a aliança do Senhor... e o santuário do SENHOR...” (v. 10 e 11) – Deus é santo, o que significa que Ele é totalmente separado do pecado. Ele chama o Seu povo para ser santo também (Lv 19.2; 1Pe 1.16). Aqui o Senhor declara que Judá havia profanando a aliança (2.10) e o santuário (2.11), literalmente, o lugar santo. Deus havia dito que Ele habitaria no meio deles e eles seriam o seu povo (Lv 26.11-12).

“... e se casou com adoradora de deus estranho” (v. 11) – Ao se casarem com estrangeiras que adoravam a outros deuses, os Judeus haviam contaminado o local da presença de Deus.

A expressão “adoradora de deus estranho” se refere às mulheres pagãs, que adoravam aos deuses falsos. (Se se refere ao “santuário”, então possivelmente a profanação faz referência ao envolvimento dessas mulheres no culto do templo).[2] Judá profanou a aliança de seus pais ao se casar com a “adoradora de um deus estranho” (2.11).

Você pode pensar que se casar com um incrédulo é apenas imprudência, ou talvez um pecado “menor” ou “leve”. Mas Deus declara que eles foram desleais e que este ato foi uma abominação (2.11). A palavra “abominação” (tow ̀ebah, em hebraico”) é utilizada em outros lugares para se referir a idolatria, feitiçaria, sacrifício de crianças aos ídolos e para homossexualidade (Dt 13.14; 18.9-12; Lv 18.22).

Além disso, a palavra “casar” usada nesta passagem é baal, a forma substantiva do que significa senhor, mestre, marido.[3] Observe o jogo de palavras: “casou [Baal] com adoradora de um deus estranho” (2.11). Baal era o deus falso adorado pelos Cananeus e Fenícios. Esta não foi a primeira vez que Israel tinha cometido o pecado com as mulheres que adoravam ao deus Baal. Ao longo da história Satanás tem usado o casamento com incrédulos para transformar a devoção do povo de Deus.

Casamento Misto no Antigo Testamento

Gênesis

“... Vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas...” (v. 2) – Em Gênesis 6, Satanás usou casamento ilícito para corromper o ser humano, levando ao julgamento do dilúvio. Em Gênesis 24.1-4, Abraão fez o seu servo jurar pelo Senhor, que ele não iria tomar uma esposa para Isaque dos cananeus. Duas gerações mais tarde, Esaú casou-se com duas esposas incrédulas. Ressalta-se repetidamente que essas mulheres trouxeram tristeza para Isaque e Rebeca (Gn 26.34-35; 27.46; 28.8). Mais tarde (Gn 34) a filha de Jacó, Diná se envolveu com um homem cananeu. Seu povo convidou os filhos de Jacó para se “aparentarem” e se “casarem” com eles e viverem entre eles (Gn 34.9). Em seguida, o filho de Jacó, Judá, se casou com uma mulher cananéia e começou a viver como um cananeu (Gn 38).

Se Israel tivesse continuado a se casar com os cananeus, teria sabotado o plano de Deus de fazer uma grande nação dos descendentes de Abraão, e para abençoar todas as nações através deles. Assim Deus soberanamente permitiu que José fosse vendido como escravo ao Egito, resultando em toda a família de Jacó se mudando para lá, onde eles, eventualmente, serviram como escravos por 400 anos. Este tratamento drástico solidificou as pessoas como uma nação separada e os impediu de casarem com os gentios.

Mais tarde, através de Moisés, Deus advertiu ao povo a não se casarem com os povos da terra (Êx 34.12-16; Dt 7.1-5).

Balaão

Um dos inimigos mais formidáveis ​​que Moisés teve de enfrentar foi Balaão, que aconselhou Balaque, rei de Moabe, contra Israel. Deus impediu Balaão de amaldiçoar Israel. Mas Balaão aconselhou Balaque com um plano insidioso: corromper as pessoas que você não pode amaldiçoar. Levá-los a se casarem com suas mulheres moabitas. O plano trouxe muito danos, até que Finéias tomou medidas ousadas para parar a praga em Isael (Nm 25.1-9).

Sanção, Salomão, Acabe, Josafá e outros

Ao longo da história de Israel, o casamento com mulheres pagãs trouxe muitos problemas. O ministério de Sanção foi anulado através de seu envolvimento com as mulheres dos filisteus (Jz 16.4-22). As mulheres estrangeiras perverteram o coração do rei Salomão e o levaram para longe do Senhor (1Reis 11.1-8). A ímpia Jezabel, uma idólatra estrangeira, estabeleceu a adoração ao deus Baal, durante o reinado do seu fraco marido judeu, Acabe (1Rs 16.29-22.40).

O rei Josafá quase arruinou a nação, unindo seu filho em casamento a Atalia, filha de Acabe e Jezabel (2Cr 18.1). Os efeitos terríveis deste pecado não vieram à tona durante a vida de Josafá. Seu filho, Jeorão, que se casou com Atalia, abateu todos os seus irmãos e levou a nação à idolatria (2Cr 21). Deus o feriu com uma doença e ele morreu depois de oito anos no cargo. Seu filho Acazias se tornou rei e durou um ano antes de ser assassinado.

Em seguida, a ímpia Atalia executou um terrível plano. Ela abateu todos os próprios netos (exceto um, que estava escondido) e governou em maldade durante seis anos (2Cr 22.10-12).

Esdras e Neemias

Depois do cativeiro, quando Esdras ouviu que alguns dos remanescentes tinham se casado com mulheres estrangeiras, ele rasgou suas vestes, puxou alguns dos cabelos de sua cabeça e barba, e se prostrou com o rosto em terra totalmente horrorizado. Isto foi seguido por um tempo de luto nacional e arrependimento (Ed 9 e 10). Apenas alguns anos mais tarde, Neemias descobriu que alguns judeus haviam se casado com mulheres cananéias. Ele argumentou com eles, pronunciou uma maldição sobre eles, atingiu alguns dos eles, e puxou seus cabelos, chamando suas ações de grande mal (Ne 13.23-29)! Um dos sacerdotes havia se casado com a filha de Sambalate, um dos principais inimigos de Neemias no projeto de reconstrução dos muros de Jerusalém (Ne 4.1-5). O ministério de Malaquias se encaixa no tempo de Neemias.

Casamento Misto no Novo Testamento

O Novo Testamento é igualmente claro: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (2Co 6.14-16).

Quando Paulo deu instruções àqueles que estavam casados com incrédulos (1Co 7.12-16), ele não estava endossando o casamento misto. Em vez disso, ele estava dando conselhos para aqueles que se tinham tornado crentes depois do casamento, mas cujos cônjuges permaneciam incrédulos.

O conceito de “jugo desigual” vem de Deuteronômio 22.10, “Não lavrarás com junta de boi e jumento”. O boi era um animal limpo para os judeus, mas o burro não era (Dt 14.1-8), e seria errado juntá-los. Além disso, eles têm duas naturezas opostas e nem sequer trabalham bem juntos. Seria cruel uni-los.[4] Da mesma forma, é errado para os crentes se colocar em jugo desigual com os incrédulos.

Deus deseja uma linhagem santa, um povo separado e distinto. Isto se aplica ao compromisso mais solene que você vai assumir na vida, a decisão com quem você vai se casar. Nunca foi a vontade de Deus que os Seus filhos se casassem com incrédulos.

A Confissão de Fé de Westminster declara: “A todos os que são capazes de dar um consentimento ajuizado, é lícito casar; mas é dever dos cristãos casar somente no Senhor; portanto, os que professam a verdadeira religião reformada não devem casar-se com infiéis, papistas ou outros idólatras; nem devem os piedosos prender-se desigualmente pelo jugo do casamento aos que são notoriamente ímpios em suas vidas ou que mantém heresias perniciosas” (Hb 13.4; ITm 4.3; Gn 24.57-58; 1Co 7.39; 2Co 6.14 – Capítulo XXIV – Do Matrimônio e do Divórcio, III).

Tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento não encontramos esteio para o casamento misto. Assim, para um crente se casar com um incrédulo é pecar contra Deus que criou o Seu povo e que os chama para serem santos.

Se o cristão é submisso a Cristo, não procurará começar um lar que desobedece à Palavra de Deus. Se você é solteiro, não case com um incrédulo! Além disso, cuidado com crentes nominais que afirmam conhecer a Cristo, mas que não estejam comprometidos em viver em obediência a Ele.

C. É um pecado contra o amor de Deus.

“Judá profanou o santuário do SENHOR, o qual ele ama...” (v. 11) –Lembre-se do tema de Malaquias, “Eu vos amei, diz o Senhor” (1.2). É por causa do Seu amor que Deus estabelece tais padrões rígidos de santidade para o Seu povo. O pecado sempre causa dano. Mas, santidade traz grande alegria.

Muitas vezes esquecemos que o motivo por trás de todas as ações de Deus é o Seu grande amor! Nós somos como crianças rebeldes, que não querem comer alimentos nutritivos, escovar os dentes ou tomar banho. Assim, fugimos de casa, onde podemos comer toda a comida que queremos (lixo) e nunca escovar os dentes.

Satanás sempre tenta você com a promessa de gratificação imediata e a mentira de que Deus realmente não gosta de você ou Ele não iria mantê-lo de todo este prazer. Aqui está como isso funciona: você sabe que Deus não quer que você se case com um incrédulo, mas então aparece alguém tão adorável que convida você para sair e conversar. Você hesita, mas, em seguida, racionaliza, o que pode acontecer? Além disso, ninguém na igreja se interessa por mim! Aliás, não tem ninguém interessante na igreja. Então você diz sim, você aceita o convite para sair com o indivíduo incrédulo. Você planeja testemunhar para ele, mas a oportunidade não surge.

Em seguida, você fica surpreso porque a pessoa não parece com um incrédulo. Ele ou ela é decente, carinhoso, sensível, meigo, educado e inteligente. Assim você aceita sair novamente. Então, surge o primeiro beijo educado na porta. Seus sentimentos crescem mais forte e os beijos se tornam mais apaixonados. Você se sente amado e especial. Logo, você está fisicamente envolvido e a sua consciência o incomoda. Mas você racionaliza novamente, ele vai se tornar um cristão e vou me casar com ele.

No início deste sutil relacionamento está a sua rejeição pelo amor de Deus e Sua santidade. Antes de qualquer relacionamento, você precisa confiar que Deus realmente te ama e sabe o que é melhor para você. Isso inclui o Seu mandamento de não se casar com um incrédulo. Se você não quer ir ao altar com um ímpio, não aceite o primeiro convite para sair.

D. É um pecado sujeito a disciplina de Deus.

12 O Senhor eliminará das tendas de Jacó o homem que fizer tal, seja quem for, e o que apresenta ofertas ao Senhor dos Exércitos.

Toda desobediência traz consigo o juízo de Deus. Qual foi a consequência que os sacerdotes e o povo colheram ao se casarem com uma mulher estrangeira? “O SENHOR eliminará das tendas de Jacó...” (2.12). O amor de Deus não é incompatível com a sua disciplina. Na verdade, vem dele: quem o Senhor ama, Ele disciplina (Hb 12.6). Se meus filhos fizerem algo de errado eu vou discipliná-los. Mas, isso não significa que eu não os amo.

Malaquias declara que o homem que cometeu tal ato seria cortado e, possivelmente, a sua família também. Deus muitas vezes nos deixa experimentar as consequências naturais de nossos pecados.

Aqueles que se casaram com mulheres idólatras acreditavam que Deus perdoaria o pecado, inclusive daqueles que apresentavam a oferta (2.12). Aqui vemos a epítome da hipocrisia e insensibilidade.[5] Essa advertência chama a atenção para o julgamento que atingiu o sacerdote Eli. Ele e sua família foram cortados do sacerdócio, porque ele se recusou a disciplinar as práticas perversas de seus dois filhos a respeito de seu serviço Tabernáculo (1Sm 2.29-35).

Isto leva à outra parte da mensagem de Malaquias. Para um crente se casar com um incrédulo não é apenas um pecado contra Deus.

II. O casamento misto é um pecado contra o povo de Deus.

Você pode até pecar em secreto, mas as consequências, muitas vezes, atingirão as pessoas que amamos. Na verdade, nossas ações estão interligadas com a família e a sociedade. Quando pecamos, todo o povo é afetado (2.10). Existem duas maneiras de ferir os outros crentes quando você se casa com um descrente:

A. O Casamento misto fere o povo de Deus porque ele banaliza a aliança do Deus vivo com o Seu povo.

Malaquias pergunta: “Por que seremos desleais uns para com os outros, profanando a aliança de nossos pais?” (2.10). A palavra “desleal” (bagad, em hebraico) está relacionada com a palavra vestir ou cobrir. A ideia é que a deslealdade envolve engano. Ao se casarem com mulheres estrangeiras, o povo de Israel cobria ou escondia a aliança com Deus.

É por isso que quando um crente se casa com um incrédulo deve ser uma questão de disciplina na Igreja. Se um crente se casa com um incrédulo e não colhe consequências do seu ato, então os crentes solteiros na Igreja vão pensar, “ela parece feliz”, “mas eu ainda estou solteira”. “Nenhum jovem crente está disponível”. “Talvez eu deva me relacionar com algumas pessoas fora da Igreja, como ela fez”. Cuidado! Paulo declarou: “Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?” (1Co 5.6).

B. O Casamento misto fere o povo de Deus porque banaliza a aliança do povo com o Deus vivo.

Essa é a implicação do versículo 12. Essas pessoas pensavam que poderiam desobedecer a Deus sobre este assunto mais importante e, em seguida, cobri-lo com alguns sacrifícios e seguir alegremente o seu caminho.

Você não pode se rebelar contra Deus em uma área tão importante como o casamento, em seguida, viver como se nada tivesse acontecido, esperando que Deus o ignore.

O que significa compromisso com Deus se não afeta o relacionamento mais significativo da vida? Além de seu relacionamento com Jesus Cristo, nada mais importa do que a escolha de um parceiro de casamento. Se você vai a Igreja e canta, “Oh, como eu amo Jesus”, mas se casa com um incrédulo, essa atitude diz que o seu compromisso com Cristo não faz nenhuma diferença sobre o seu modo de viver. Diante disto, você destrói o seu testemunho por Cristo diante dos seus amigos e familiares.

O casamento de Olivia L. Langdon com o escritor americano Mark Twain é um caso trágico sobre as consequências de um casamento misto. Olivia Langdon havia sido criada em um lar cristão por pais piedosos. Mas quando Twain, um crítico aberto da religião, a convidou em casamento, ela finalmente aceitou sua proposta, sem dúvida secretamente acalentando a esperança de que ele poderia ser convertido a Cristo pelo seu exemplo. No começo isso parecia estar acontecendo. Albert Biglow Paine em sua biografia abrangente de Twain registra que “sua bondade natural do coração, e, especialmente, o seu amor por sua esposa, o inclinavam aos ensinamentos e costumes de sua fé cristã...” Demorou muito pouco por parte de sua esposa em persuadi-lo e realizar orações familiares em sua casa, a graça antes das refeições, e a leitura devocional de um capítulo da Bíblia. “Um dos amigos de Clemens, que sabia que ele era um grande cético, registrou sua surpresa ao visitar a casa e descobrir Twain orando e participando do culto familiar”.

Infelizmente, Twain começou a expressar o desagrado para com o culto e disse a sua esposa, “Livy, você pode continuar com isso se você quiser, mas devo lhe pedir para me desculpar. Isto está me tornando um hipócrita. Eu não creio na Bíblia, ela contradiz a minha razão. Eu não posso sentar aqui e ouvi-la e deixar de acreditar em tudo o que considero, como você faz, à luz do Evangelho, a Palavra de Deus”.

Isso por si só teria sido uma grande tragédia, que deve ter marcado o fim das esperanças de Olivia para o marido. Mas algo ainda pior aconteceu. A descrença de Mark Twain teve uma influência desastrosa na vida de sua esposa, e Olivia gradualmente caminhou da dúvida para a morte de sua religião. Um dia, quando ela e sua irmã estavam andando pelos campos ela confessou com tristeza que tinha se afastado de suas visões ortodoxas. Ela tinha deixado de acreditar em um Deus pessoal que exercia a supervisão pessoal sobre cada alma humana, disse ela. Anos mais tarde, em um momento de luto, Twain tentou fortalecer sua esposa com as palavras, “Livy, se te conforta a inclinar-se sobre a fé cristã, faça isso”.

Ela respondeu: “Eu não posso, jovem [sua designação favorita para o marido]. Eu não tenho nenhuma”.[6]

Se você desobedecer a Deus e se casar com um não-cristão, não se engane com a crença de que você vai ser a causa da conversão dele. Pela graça de Deus, isso pode, eventualmente, acontecer. Mas, geralmente, não acontece! Casamentos mistos geralmente terminam em grande infelicidade ou divórcio. E mesmo que não seja o caso, você certamente vai sofrer por desobedecer a Deus.

 

Conclusão:

Se você, como cristão, já se casou com um incrédulo, então você precisa arrepender-se sinceramente perante o Senhor, lamentar o fato que você pecou contra Ele e o seu povo. O verdadeiro sacrifício para Deus é um coração quebrantado e contrito (Sl 51.17). Então você deve seguir as orientações de 1Coríntios 7.12-16. Paulo instrui aos crentes em casamentos mistos a não iniciar o divórcio. Você deve procurar demonstrar Cristo em casa e sua vida (1Pe 3.1-6), esses são os melhores sermões!

Se você está atualmente envolvido em um relacionamento romântico com um incrédulo, quebrá-lo imediatamente, antes que você fique envolvido ainda mais! Você já pisou em areia movediça espiritual. O casamento é difícil o suficiente quando ambos os parceiros estão empenhados em servir a Cristo e a Sua Palavra. Alguém pode indagar: Mas eu sei de casos em que um crente se casou com um incrédulo e tudo acabou bem. Sim, Deus é gracioso, muitas vezes em usar até mesmo os nossos pecados para o bem, quando nos arrependemos. Por exemplo, algumas pessoas tentam se suicidar, mas Deus em Sua graça e misericórdia, não permite a concretização deste ato trágico. Mas isso não significa que Deus vai poupar a vida de todos que desejam se suicidar. Você só está se dirigindo para uma vida de dor ao se casar com um incrédulo.

Se você conhece um cristão que está namorando um incrédulo, compartilhe essa mensagem com ela ou ele. Se você é pai, comece a clamar a Deus pelo casamento dos seus filhos. Ore para que Deus conceda aos seus filhos cônjuges piedosos.

Não caia na arapuca milenar de Satanás. Não despreze o amor de Deus por você!


[1] Walvoord, J. F., Zuck, R. B., & Dallas Theological Seminary. (1985). The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Ml 2.10). Wheaton, IL: Victor Books.

[2] Walvoord, J. F., Zuck, R. B., & Dallas Theological Seminary. (1985). The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Ml 2.11). Wheaton, IL: Victor Books.

[3] Levy, D. M. (1992). Malachi: Messenger of rebuke and renewal. Bellmawr, NJ: Friends of Israel Gospel Ministry.

[4] Wiersbe, W. W. (1996). The Bible exposition commentary (2Co 6.11). Wheaton, IL: Victor Books.

[5] Levy, D. M. (1992). Malachi: Messenger of rebuke and renewal. Bellmawr, NJ: Friends of Israel Gospel Ministry.

[6] Walter A. Maier, For Better, Not for Worse (Saint Louis: Concordia, 1935), 371.

sábado, 10 de novembro de 2012


Malaquias 1.6-14. Você pode visualizar o último estudo do profeta Malaquias acessando o link abaixo. Bom estudo!

Estudo Expositivo em Malaquias - 1ª parte

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Do Temor à Fé [Lucas 8.49-56]

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por Rev. Jocarli A. G. Junior
  “Sua filha morreu. Não incomodes mais o Mestre”. Eu não posso imaginar palavras mais aterradoras do que essas! Confesso que o meu maior medo é perder um dos meus filhos. A maioria dos pais provavelmente compartilham desse medo comigo.  
     Que pai não se assentou às 3 horas da manhã com uma criança doente, orando para que a febre cessasse? Que pai não ficou desesperado e ansioso ao levar a criança ao pronto socorro doente ou gravemente ferida?
Devido a este forte amor parental, todos os pais podem facilmente se identificar com Jairo. Lucas nos diz que ele tinha uma única filha de 12 anos de idade. Naquela cultura, uma menina de 12 anos era como um botão de rosa prestes a se desabrochar e se transformar em uma bela flor. Mas, o que estava acontecendo era exatamente o contrário, ela estava morrendo.
     Jairo, então, busca a Jesus com um profundo senso de urgência. O sofrimento muitas vezes pavimenta o nosso caminho a Deus. Tais situações nunca são divertidas, mas a história de Jairo nos ensina algumas valiosas lições para a vida cristã.

Situações de medo nos ajudam a esclarecer nossas prioridades.     
    Como chefe da sinagoga, Jairo era responsável pela manutenção, organização e adoração da sinagoga. Era uma posição de status, prestígio e dinheiro. Certamente, Jairo tinha uma agenda cheia de compromissos. Mas todo o seu sucesso na comunidade de repente empalideceu, quando foi confrontado com a perda de sua única filha.
     O sucesso e o status não protegem ninguém da tragédia da morte. O dinheiro pode proporcionar o melhor tratamento médico disponível, mas não pode comprar a vida.


Situações de medo nos despojam de todo o orgulho.     
      Diante de sua dramática realidade, Jairo despojou-se de seu status, e prostrou-se aos pés de Jesus, totalmente indefeso. Não era um lugar digno para um líder da sinagoga. Porém, ele sabia que precisava de Jesus. Ele reconheceu que estava diante de alguém maior e mais importante do que ele.
     A necessidade não é somente a mãe da invenção, é também a mãe da fé. Nós não confiamos em Deus como deveríamos até que sejamos forçados a confiar Nele. Todavia, o nosso medo pode ser uma grande oportunidade de Deus para que o nome do Senhor seja glorificado em nossa vida.
     Se você está enfrentando uma situação amedrontadora hoje, um casamento difícil, um filho rebelde, um problema de saúde, talvez a perda do emprego ou um revés financeiro. Seja qual for a sua situação, pode ser de grande benefício esclarecer suas prioridades, se despojar de todo orgulho e confiar em Jesus para que um milagre em sua vida seja realizado, e assim, o nome do Senhor seja glorificado em sua família.
      Não temas, crê somente!

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Malaquias – Estudo 1 (Ml 1.1-5)

malaquais blog por Rev. Jocarli A. G. Junior

Dizem que o oposto do amor não é o ódio, mas, a apatia. Certamente, você não odeia a Deus, mas em algum momento de sua vida, você vai ficar insensível diante do grande amor do Eterno. Você vai à igreja, entrega o dízimo, frequenta a Escola Dominical, contribui com a obra missionária e participa do culto nos lares. Porém, como um casamento, você tem um relacionamento funcional com Deus, mas se não tiver amor, tudo isso será em vão.

Era exatamente esse o problema do povo na época do profeta Malaquias. O Senhor disse, “Eu vos tenho amado” (o verbo “amado” em hebraico traz a ideia de uma ação no passado, mas que continua no presente).[1] Ou seja, Deus não somente amou um dia, mas continua amando o seu povo. Todavia, a resposta do povo foi algo aterrador: “Em que nos tem amado?” Eles estavam tão insensíveis à declaração magnânima do amor de Deus, que impetuosamente exigiram que Deus provasse o que tão generosamente afirmou. Havia culto, havia adoração, mas não havia amor! A resposta de Deus nos mostra como superar a frieza espiritual diante do Seu grande amor:

1. O Perigo da indiferença ao grande amor de Deus.

2 Eu vos tenho amado, diz o Senhor; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? — disse o Senhor; todavia, amei a Jacó,

Nosso texto e o contexto sugerem três razões de como podemos crescer indiferentes ao amor de Deus:

A. Nós crescemos indiferentes ao amor de Deus, porque nos esquecemos da urgência de Sua mensagem.

1 Sentença pronunciada pelo Senhor contra Israel, por intermédio de Malaquias .

A palavra “sentença” aponta para uma mensagem que pesa sobre seu portador. Nos livros proféticos (maśśā, em hebraico) introduz mensagens de natureza ameaçadora 27 vezes (Is 13.1; 14.28; 15.1; Na 1.1; Hc 1.1; Zc 9.1; 12.1).[2] Isso significa que a mensagem da parte de Deus não é para ser tratada com leviandade. As palavras de Malaquias não são leves ou insignificantes, mas pesada e substancial. O profeta reconhece que o que ele está prestes a pregar não é algo agradável aos ouvidos, mas algo que vai perturbar as almas dos seus ouvintes. E é assim que deve ser quando chegamos à Palavra de Deus (Jr 23.29). Um homem não brinca quando tem um peso em suas costas. O homem que carrega o peso da palavra do Senhor significa que ele está pleiteando com a alma à luz do juízo vindouro. A mensagem de Malaquias não era doce, pelo contrário, era uma palavra dura e difícil de ser digerida.

Uma mensagem pesada dirigida ao povo de Israel. É aí que reside o grande perigo! Eles nasceram na Comunidade da Aliança. Israel era a Igreja do Antigo Testamento. Toda a sua vida desde a infância era centrada na sua religião. No entanto, eles estavam apáticos e insensíveis diante da mensagem de Deus. Às vezes nos comportamos da mesma forma. Temos mais ânimo para conversar e compartilhar de coisas que não edificam do que força e coragem para meditar na Palavra de Deus.

Rowland Hill foi um pregador inglês do Século XVIII, pouco antes de sua morte, estava conversando com um velho amigo que lhe disse que ainda podia lembrar o texto e parte de um sermão que ele tinha ouvido Hill pregar 65 anos antes. Hill perguntou o que ele se lembrava. Ele declarou que Hill havia dito que algumas pessoas, quando escutam um sermão não gostam da entrega do pregador. Então ele disse: “Imagine que você tenha sido convidado para ouvir a leitura de um testamento de um parente seu, e você espera que ele tenha deixado alguma coisa para você. Você dificilmente pensaria em criticar a forma como o advogado iria ler o testamento. Em vez disso, você teria toda a atenção para ouvir se alguma coisa foi deixada para você e se assim for, quanto. Esta deve ser a maneira de ouvir a pregação do evangelho”.[3]

Gostaria de incentivá-lo a ler o livro de Malaquias pelo menos uma vez por semana, durante os próximos dois meses. Se você fizer isso, você vai descobrir que, embora existam algumas verdades difíceis de ponderar, Malaquias é realmente uma carta de amor de Deus, cheio de esperança e encorajamento.

B. Nós crescemos indiferentes ao amor de Deus, quando nos concentramos em nossas circunstâncias em vez do propósito de Deus.

2 Eu vos tenho amado, diz o Senhor; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? — disse o Senhor; todavia, amei a Jacó,

Esta era a perspectiva dos leitores no tempo de Malaquias. Eles mediam o amor de Deus por meio de coisas materiais e vida financeira. Quando olhavam para suas circunstâncias, as coisas não estavam indo como eles esperavam, por isso eles se tornaram insensíveis e desanimados.

Em contraste com as suas circunstâncias difíceis. Os profetas haviam declarado uma era de ouro para Israel quando a terra produziria frutos abundantes, as pessoas iriam habitar em segurança sob o reinado do Messias (Is 49.19-23; 54.1-3; Jr 23.5-6; Ez 25-30; Zc 8.1-8, 12-15, 20-23). Mas nada disso aconteceu. Em seguida, vem o profeta Malaquias e diz: Deus te ama e tem um plano maravilhoso para suas vidas! E eles dizem: Como é que Deus nos ama?

Eles tinham voltado e estavam em Jerusalém por cerca de 125 anos. O templo estava restaurado, e Neemias levou o povo a reconstruir os muros da cidade. Mas, eles não tinham um exército para se proteger dos vizinhos hostis. Eles ainda estavam sob o domínio do rei persa. Suas fazendas não estavam produzindo muito bem por causa da seca (3.10-11). Muitos deles, provavelmente, estavam pensando, se esta é a terra prometida, eu odiaria ver a terra não prometida!

Como Israel, nós crescemos indiferentes ao grande amor Deus por nós quando nos concentramos em nossas circunstâncias difíceis, em vez dos propósitos de Deus. Se nos concentrarmos em nossos problemas, eles irão nos consumir. Se pensarmos a respeito dos propósitos de Deus e o Seu reino sobre toda a terra, teremos a perspectiva de que precisamos. É por isso que Paulo, apesar de suas provações, pode dizer com alegria de que ele vivia pela fé no Filho de Deus que o amou e se entregou por Ele (Gl 2.20).

C. Nós crescemos indiferentes ao amor de Deus quando nos acostumamos com o sagrado.

Essas pessoas estavam adorando no templo. Eles ofereciam sacrifícios. Eles realizavam todos os rituais prescritos por Moisés. Mas eles transformaram a religião em algo meramente rotineiro ao invés de uma relação vital e pessoal com o Deus amoroso. Eles seguiram o programa de Deus, mas eles tinham perdido a intimidade.

Eles permitiram que as dificuldades roubassem o sentido da presença amorosa de Deus. Tal empobrecimento resultou na decadência moral denunciada no capítulo dois e a indiferença espiritual criticado no capítulo três.[4] Seguindo a pergunta impertinente de Judá, o Senhor afirma que seu amor estava presente na história (v. 3-5).

2. A solução para a indiferença para com Deus é considerar a eleição soberana do Seu povo.

2 Eu vos tenho amado, diz o Senhor; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? — disse o Senhor; todavia, amei a Jacó, 3 porém aborreci a Esaú ; e fiz dos seus montes uma assolação e dei a sua herança aos chacais do deserto. 4 Se Edom diz: Fomos destruídos, porém tornaremos a edificar as ruínas, então, diz o Senhor dos Exércitos: Eles edificarão, mas eu destruirei; e Edom será chamado Terra-De-Perversidade e Povo-Contra-Quem-O-Senhor-Está-Irado-Para-Sempre. 5 Os vossos olhos o verão, e vós direis: Grande é o Senhor também fora dos limites de Israel.

Surpreendentemente, Deus respondeu a pergunta insolente do povo de Israel ilustrando ainda mais o Seu amor paciente. Deus responde as pessoas, lembrando-os que Ele escolheu a Jacó e rejeitou a Esaú.

A. A eleição soberana de Deus O exalta como o soberano justo do universo.

“Não foi Esaú irmão de Jacó? — disse o SENHOR; todavia, amei a Jacó, porém aborreci a Esaú...” – Em seu plano soberano, Deus escolheu Abraão para abençoar e formar uma grande nação. Então, Deus escolheu Isaque, o filho de Abraão, em detrimento do seu outro filho, Ismael. Em seguida, Deus escolheu o filho Jacó, filho de Isaque ao invés do mais velho, Esaú. Além disso, Deus em Sua soberania e graça escolheu os descendentes de Jacó como o Seu povo. Ele os amou de maneira especial em detrimento de todas as nações (Dt 4.37; 7.6-8).

Esta comparação entre Jacó e Esaú, Judá e Edom é para lembrar ao povo de Israel do amor imerecido e, portanto, a eleição de Deus. Eles tiveram a audácia de exigir que Deus mostrasse como Ele os amou, desconsiderando completamente o seu estado original como povo eleito. Por nascimento Esaú era tanto uma criança privilegiada como Jacó, ambos eram filhos gêmeos dos mesmos pais, Isaque e Rebeca. No entanto, Deus tinha amado Jacó com um amor misericordioso.[5]

Deste modo, quando o povo questionou o amor de Deus, “Em que nos tem amado?”, Deus pacientemente respondeu: “Vocês poderiam estar entre aqueles que eu rejeitei, mas estão entre os que escolhi amar soberanamente”. Não existe prova de amor maior do que esse!

Aqueles que lutam contra a doutrina da eleição estão em atrito contra o direito de Deus de ser Deus. Ele é o oleiro; nós somos o barro. Como assinala Paulo em Romanos, Deus não baseou sua escolha em qualquer coisa que Ele previa. Em vez disso, Deus fez isso para que seu propósito de escolha prevalecesse (Rm 9.11). Deus não só escolheu Israel como uma nação para servi-Lo, Ele também escolheu indivíduos para salvar como uma demonstração de sua graça soberana e amor (Ef 1.4-6).

B. A soberana eleição de Deus humilha-nos como pecadores indignos.

Esaú era um homem melhor do que o irmão. Jacó era um impostor que enganou o seu pai e tomou a bênção da primogenitura. Esaú ficou irritado com isso e desejou matar o irmão. Porém, mais tarde ele perdoou Jacó. Mas ambos os homens eram pecadores. Deus escolheu a Jacó e rejeitou a Esaú, e como Paulo deixa claro, Deus fez isso antes dos gêmeos nascerem ou tivessem feito alguma coisa de bom ou ruim. A escolha de Deus não foi baseada em algo neles, mas apenas na Sua escolha soberana.

Em Gênesis, Rebeca perguntou a Deus por que as duas crianças em seu ventre brigavam tanto entre si: “Respondeu-lhe o SENHOR: Duas nações há no teu ventre, dois povos, nascidos de ti, se dividirão: um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá ao mais moço” (Gn 25.23).

Você pode pensar que isso não é justo! Paulo sabia que você poderia pensar assim, e por isso, ele lida com essa objeção em Romanos 9.14-18, onde Ele argumenta que Deus é livre para mostrar misericórdia e compadecer-se de quem Ele aprouver ter compaixão. Deus foi perfeitamente justo ao condenar todos os anjos caídos que pecaram sem oferecer-lhes uma forma de salvação. Deus seria perfeitamente justo em condenar toda a raça humana, porque todos pecaram. Ele não deve misericórdia a ninguém.

C. A Eleição soberana de Deus deve levar-nos a proclamar o Seu nome.

5 Os vossos olhos o verão, e vós direis: Grande é o Senhor também fora dos limites de Israel.

“... Eles edificarão, mas eu destruirei; e Edom será chamado Terra-De-Perversidade e Povo-Contra-Quem-O-SENHOR-Está-Irado-Para-Sempre” (v. 4) – Israel pode não estar muito bem financeiramente desde o retorno da Babilônia. Mas eles vivam na “Terra Santa”, e não poderiam se comparar com Edom. Eles serão chamados “Terra-De-Perversidade e Povo-Contra-Quem-O-SENHOR-Está-Irado-Para-Sempre” (1.4).

“porém aborreci a Esaú ; e fiz dos seus montes uma assolação e dei a sua herança aos chacais do deserto” (v. 3) – O que tinha feito Edom para merecer isso?

Em Números, Moisés pediu ao rei de Edom para o povo de Israel passar por seu território. Todavia, o pedido foi negado. Os edomitas tomaram a seguinte decisão: “Não passarás por mim, para que não saia eu de espada ao teu encontro” (Nm 20.18). Além do mais, eles saíram armados para impedirem a passagem.

Os edomitas também se associaram com a Babilônia para matar o povo de Deus. Eles saquearam Jerusalém com os caldeus (Ob 11, 13). Olharam com prazer a destruição de Israel (Ob 12; Sl 137.7). Pararam nas encruzilhadas para matar os que tentavam fugir (Ob 14) e entregaram à Babilônia alguns que tentavam escapar da morte (Ob 14). Os descendentes de Esaú mantiveram o ódio pelos descendentes de Jacó.

Então Deus agora diz: ... Eles edificarão, mas eu destruirei” (v. 4) – Setenta anos depois que Jerusalém caiu nas mãos da Babilônia com a ajuda dos edomitas, os nabateus, invasores do deserto, chamados de árabes no livro apócrifo de 2Macabeus, destruíram o território edomita, obrigando sua população a refugiar-se no Neguebe, ao sul de Judá.[6] Embora Deus tivesse escolhido a Jacó e não Esaú (Edom), ambas as nações eram obrigadas a andar em justiça diante de Deus. No entanto, Edom era “imoral” e “sem Deus” (cf. Gn 25.32; 36.1-8; Hb 12.16).[7]

O grande amor de Deus por Israel pode ser visto na restauração de Jerusalém. Eles rejeitaram a Deus, não deram ouvidos aos profetas e foram destruídos pela Babilônia. Mas Deus restaurou Israel e não restaurou Edom. Enquanto a nação de Israel, que tinha sido destruída, seria edificada, Deus estava destruindo definitivamente a nação daqueles contra quem ele estaria irado para sempre.[8] A terra de Edom será sempre uma terra de perversidade e um lugar debaixo da ira de Deus.

Conforme Calvino, as pessoas sem Deus podem até ter uma vida boa aqui neste mundo. Muitos dos que a ele pertencem podem até ser ricos, bonitos, populares, ter prosperidade ou poder; porém, o que os aguarda não é a felicidade eterna, e sim a ira de Deus para todo o sempre.

Portanto, jamais devemos medir o amor de Deus pelas circunstâncias difíceis que enfrentamos na vida. É verdade, às vezes não entendemos o querer e o realizar de Deus, mas basta-nos saber que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam o Senhor (Rm 8.28). Assim, o objetivo das provações é refinar nossa fé, e a perspectiva que precisamos durante os momentos de dor e sofrimento é entender que as provações são temporárias, necessárias e o melhor de tudo, estão sob controle de Deus (1Pe 1.6).

Conclusão:

Há momentos na vida de cada cristão, que, embora esteja andando pela fé, Deus parece distante. Você ora, mas parece que Deus não responde. Você lê a Bíblia, mas aparentemente nada acontece. Você procura Deus, mas parece que Ele não está interessado em sua vida. Quando este dia chegar, lembre-se da fidelidade de Deus. Ter a perspectiva correta sobre a fidelidade de Deus determina o quanto nós confiamos nEle. Mesmo no momento mais difícil de sua vida, Jó ainda confiava em Deus, até a morte (Jó 23.10). Às vezes, nós nunca entenderemos deste lado do céu, outras vezes levaremos a vida inteira para entender.

Não fale como o povo de Israel, “Em que nos tem amado?” Em vez disso, confesse a grandeza do amor de Deus, assim como o seu próprio amor para com Ele, e tome a decisão de ser um espelho da sua graça, em vez de um espelho dos tempos em que você vive.[9]

O famoso pregador Charles Haddon Spurgeon, estava andando pelo interior da Inglaterra com um amigo. Ele notou um celeiro com um moinho com um catavento. No topo da palheta estavam as palavras: “Deus é amor”. Spurgeon comentou que aquele era um lugar impróprio para aquela mensagem, porque as palhetas mudam de acordo com o tempo, mas o amor de Deus é constante, ele não muda. Mas amigo de Spurgeon discordou. “Você entendeu mal o significado”, disse ele. “Esse cata-vento diz à verdade que não importa a força do vento, Deus é amor”. Você já conhece esse amor?


[1] Kaiser, W. C., & Ogilvie, L. J. (1992). Vol. 23: Micah, Nahum, Habakkuk, Zephaniah, Haggai, Zechariah, Malachi. The Preacher’s Commentary Series (460). Nashville, TN: Thomas Nelson Inc.

[2] Walvoord, J. F., Zuck, R. B., & Dallas Theological Seminary. (1985). The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Ml 1.1). Wheaton, IL: Victor Books.

[3] Charles Spurgeon, Lectures to My Students [Zondervan], pp. 391-392)

[4] Clendenen, E. R. (1998). The Minor Prophets. In D. S. Dockery (Ed.), Holman concise Bible commentary (D. S. Dockery, Ed.) (392). Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers.

[5] Boice, J. M. (2002). The Minor Prophets: An expositional commentary (577). Grand Rapids, MI: Baker Books.

[6] BALDWIN, Joyce G. Ageu, Zacarias e Malaquias. São Paulo: Editora Vida Nova, p. 186.

[7] Kaiser, W. C., & Ogilvie, L. J. (1992). Vol. 23: Micah, Nahum, Habakkuk, Zephaniah, Haggai, Zechariah, Malachi. The Preacher’s Commentary Series (462). Nashville, TN: Thomas Nelson Inc.

[8] NICODEMUS, Augustus. O Culto Segundo Deus. A mensagem de Malaquias para a igreja de hoje. São Paulo: Vida Nova, 2012, p. 26.

[9] Boice, J. M. (2002). The Minor Prophets: An expositional commentary (577). Grand Rapids, MI: Baker Books.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Introdução – Livro do Profeta Malaquias

malaquais blog por Rev. Jocarli A. G. Junior

Os judeus tinham retornado do cativeiro na distante Babilônia para Jerusalém. O novo templo havia sido reconstruído sob a liderança de Zorobabel. A vida em Israel parecia boa e sem nenhuma complicação grave. Não havia grandes catástrofes nem a possibilidade de guerras no horizonte. Na verdade, ninguém era muito rico, mas economicamente eles sobreviviam. Embora os judeus ainda estivessem sob a dominação estrangeira dos persas (1.8), pelo menos eles estavam de volta à terra prometida. Tudo parecia muito bem. Mas, esse era o problema! Deus conhece o seu povo e sabia que algo estava errado. Havia um templo, havia adoração, havia ajuntamento, e também, uma frieza espiritual.

“Sentença pronunciada pelo SENHOR contra Israel, por intermédio de Malaquias” (Ml 1.1) – O profeta Malaquias, em meio a essa aparente calma estava com o coração profundamente agitado. Sua tarefa era muito difícil e o seu dever um grande fardo. A palavra traduzida como “sentença” no versículo 1 vem de uma raiz hebraica que significa “suportar um fardo”.[1] O coração do profeta estava sobrecarregado. Deus tinha dado um fardo a Malaquias.[2] A palavra do Senhor é chamada frequentemente de fardo no Antigo Testamento, porque é tão espessa, rica e carregada de verdade.

Malaquias não começa sua mensagem dizendo: “eu tenho pensado em algumas coisas e gostaria de compartilhar com vocês”. Ele não disse: “Parece-me...” ou “Acho que vocês precisam ouvir isso...”. Pelo contrário, sua mensagem foi dada pelo próprio Senhor, e era um peso para o profeta.[3] A única maneira de o profeta encontrar alívio era pregando fielmente a mensagem de Deus. As pessoas podem não gostar, mas elas precisam ouvir o que Deus tem a dizer.

O pregador precisa entender que a Palavra de Deus não é a sua palavra.[4] Praedicatio Verbi Dei Verbum Dei Est – A pregação da Palavra de Deus é a Palavra de Deus. O pregador é apenas o mensageiro, e não o autor (εαγγελίζω). Ele é um semeador, não é a fonte (Mt 13.3, 19). Ele é um arauto, e não a autoridade (κηρύσσω). Ele é um mordomo, não o proprietário (Cl 1.25). Ele é o guia, não o autor (At 8.31). Ele é o servidor do alimento espiritual, não o chefe (João 21.15 e 17).[5]

“Sentença pronunciada pelo SENHOR contra Israel...” (Ml 1.1) – A expressão “pronunciada pelo Senhor” ou “Esta é a mensagem que o SENHOR Deus mandou” (NTLH), aparece frequentemente como uma introdução para uma profecia, para identificá-la como uma revelação de Deus que carrega sua autoridade.[6] O nome “Senhor” (Yahweh) é, naturalmente, o nome de Deus, que recorda a sua Aliança com Israel no Sinai. Uma vez que a palavra é dirigida a Israel, o fardo deste discurso diz respeito a problemas na relação de aliança entre Deus e Israel.

Assim, Malaquias aborda o problema da degeneração espiritual e da fossilização da fé. É um livro onde o povo de Deus é colocado no banco dos réus, onde Deus é o promotor e a acusação é a decadência espiritual do seu povo.

O Autor:

“Sentença pronunciada... por intermédio de Malaquias” (Ml 1.1) – Ninguém sabe ao certo quem foi Malaquias. Seu nome significa “meu mensageiro” ou “mensageiro do Senhor”. É interessante notar que a palavra “mensageiro” ocorre três vezes no livro (ver 2.7 e 3.1). No entanto, esta dificuldade em identificar quem era Malaquias nos lembra de uma das primeiras regras do serviço de Cristo. Pregadores e comunicadores cristãos não são destinados a atrair a atenção para si, mas para o seu Salvador e seu evangelho. Não é o homem que importa, mas a sua mensagem (2Co 4.5).[7] Ao permanecer anônimo, as pessoas não pensam sobre o profeta, mas sobre o que Deus tem a dizer.

Entretanto, a tradução grega, a Septuaginta, e a maioria dos comentaristas modernos sugerem que o livro foi escrito por um autor anônimo. Sob a alegação de que o nome de Malaquias significa “meu mensageiro” poderia ser, então, um título, e não um nome próprio. Para apoiar seu ponto de vista, estes comentaristas apontam, entre outras coisas: (1) A ausência de nome do pai de Malaquias, (2) A ausência do lugar de nascimento de Malaquias, e (3) O fato de que Zacarias 9.1 e 12.1; e Malaquias 1.1 (as três últimas “sentenças” nos profetas menores) compartilham o mesmo título, destacando-as, presumivelmente, como adições anônimas à coleção dos doze profetas menores.[8]

Embora o nome do pai de Malaquias não seja mencionado, também não é mencionado o nome do pai do profeta Obadias em seu livro. Não há também qualquer local de nascimento de vários profetas, incluindo Habacuque. Além disso, as três “sentenças” não podem ser consideradas separadamente dos outros Profetas Menores porque Zacarias 9.1-14.21 é uma parte integrante do Livro de Zacarias. Não obstante, ao considerar que Malaquias seja um título e não um nome próprio é preciso mudar o pronome “meu” (“meu mensageiro”) para o “seu” (“seu mensageiro”), uma mudança para a qual não há nenhuma evidência em hebraico.[9] Esse ponto de vista, porém, não é provável. Não temos outros exemplos desse tipo de expressão fazendo referência a um profeta cujo nome não é mencionado.[10] Portanto, o melhor é tratar Malaquias como um nome pessoal.

A Data:

Malaquias profetizou durante ou logo após o ministério de Neemias, mais provavelmente durante o período que Neemias voltou à Pérsia (433-424 a.C, cf. Ne 5.14; 13.6). Embora o livro não tenha data, isso é claro por três razões.

Em primeiro lugar, o livro descreve um período em que o templo de Jerusalém já havia sido reconstruído depois que os judeus haviam retornado da Babilônia.

Em segundo lugar, o livro nos diz que um governador persa estava governando os judeus (1.8). Isso indica o período pós-exílico.[11]

Em terceiro lugar, tanto Neemias quanto Esdras estavam envolvidos em conduzir os judeus de volta à sua terra natal e na reconstrução de Jerusalém durante o século V a.C. e há uma estreita correspondência entre a situação abordada por Malaquias, e a encontrada nos livros de Esdras e Neemias.

Malaquias pregou contra muitos dos mesmos pecados que Neemias: Corrupção do sacerdócio (Ml 1.6-2.9; Ne 13.7-9); casamento com mulheres pagãs (Ml 2.10-12; Ne 13.23-28); injustiças sociais (Ml 3.5; Ne 5.1-13); e a negligência quanto aos dízimos (Ml 3.8-10; Ne 13.10-14). Mas o tema geral, que abre o livro, é a indiferença do povo diante do grande amor de Deus por eles.

Além do mais, Malaquias foi o último dos profetas de Deus, antes dos 400 anos de silêncio, até que João Batista entrasse em cena como foi previsto por Malaquias (3.1). Ele termina o livro declarando: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias,  antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais,  para que eu não venha e fira a terra com maldição” (Ml 4.5-6).

Este foi o texto que os discípulos estavam pensando quando perguntaram a Jesus: “Mas os discípulos o interrogaram: Por que dizem, pois, os escribas ser necessário que Elias venha primeiro?” (Mt 17.10). Jesus respondeu por referência a João Batista. “Então, Jesus respondeu: De fato, Elias virá e restaurará todas as coisas. Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram; antes, fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem há de padecer nas mãos deles”. (Mt 1711-12; Cf Mt 11.11-15; 16.13-15, Mc 8.27-28; 9.11-13, Lc 1.17; 9.18-19, Jo 1.21, 25). Depois de Malaquias a voz da profecia cessou em Israel, até que João Batista apareceu 400 anos depois anunciando a chegada do Messias.

O Objetivo do Livro:

A função de todos os profetas do Antigo Testamento era chamar o extraviado povo de Israel de volta a aliança. Através de Malaquias, Deus confronta a apatia do povo diante do Seu grande amor. Não menos do que 47 dos 55 versículos são declarados diretamente por Deus, a maior percentagem em qualquer um dos livros proféticos.

O objetivo da pregação de Malaquias era denunciar a frieza espiritual do povo de Deus. O profeta despertou o calejado povo que restara em Israel da sua estagnação espiritual, com o intuito de possibilitar que o Senhor tornasse a abençoar suas vidas.[12]

Mas a mensagem de Malaquias não se aplica apenas ao povo de sua época. Na verdade, o livro também descreve vividamente a religiosidade moribunda de qualquer época, inclusive a nossa.[13]

O declínio espiritual do povo é expresso em uma frase recorrente. A palavra “em que”, como em “Em que nos tens amado?” (1.2). Esta palavra aparece sete vezes neste último livro do Antigo Testamento, e em cada caso, expressa um estado de espírito que desafia as declarações de Deus, exigindo que Ele prestasse contas de si mesmo em termos humanos.[14] Observe abaixo, os sete casas em que aparece a expressão “Em que” no livro de Malaquias.

1. Em 1.2, Deus começa a sua mensagem com as palavras: “Eu vos tenho amado...” Mas o povo responde com crítica e incredulidade, “Em que nos tens amado?” Por trás dessa questão está uma queixa amarga. Pela quantidade de suas atividades religiosas, eles não tinham prosperado como achavam que mereciam. Eles ainda eram uma nação relativamente fraca. Eles não eram ricos. Então, eles perguntam: “Em que nos tem amado?” A implicação é que, se Deus realmente os amava, Ele teria que torná-los ricos.

2. Em 1.6, Deus fala aos líderes religiosos, dizendo: “... Ó sacerdotes que desprezais o meu nome”. Mas eles respondem: “Em que desprezamos nós o teu nome?” Ao ler o restante do capítulo, descobrimos que eles ofereciam animais cegos, aleijados ou doentes como sacrifício. Quando faziam, eles ainda reclamavam do cansaço de servir a Deus (1.12-13). No entanto, os sacerdotes se consideravam certos, enquanto desprezavam suas obrigações.

3. Em 1.7, Deus diz: “Ofereceis sobre o meu altar pão imundo...”. A resposta dos sacerdotes, “Em que te havemos profanado?” A atitude por trás desta questão é a mesma do versículo seis. Os sacerdotes achavam que estavam fazendo o que era certo, embora eles estivessem oferecendo animais deformados e realizando suas tarefas com uma atitude cheia de falhas e amargura.

4. Em 2.17, Malaquias diz: “Enfadais o SENHOR com vossas palavras...” Mas a resposta das pessoas foi: “Em que o enfadamos?” As linhas seguintes explicam o problema. Aparentemente, as pessoas que faziam o mal prosperavam. “Nisto, que pensais: Qualquer que faz o mal passa por bom aos olhos do SENHOR, e desses é que ele se agrada; ou: Onde está o Deus do juízo?”. A falha nesse argumento não é que Deus deve agir com justiça. A falha é que as pessoas estavam considerando-se justas quando eles realmente agiam maliciosamente.

5. Em 3.7, Deus adverte o povo: “Tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós outros,  diz o SENHOR dos Exércitos”. Este era o mesmo desafio que Deus tinha manifestado através do primeiro dos profetas menores, Oséias, mais de trezentos anos antes: “Volta, ó Israel, para o SENHOR, teu Deus, porque, pelos teus pecados, estás caído” (Os 14.1). Mas, ao invés de arrependimento, eles respondem a Deus: “Em que havemos de tornar?” Essa era um resposta cínica. Não significa que eles não compreendiam o que era arrependimento, pelo contrário, eles estão dizendo: “Como você pode dizer que devemos voltar quando já estamos tão perto de Ti e tão obedientes? O que podemos fazer? O que ainda não fizemos?”

6. No versículo seguinte, 3.8, Deus declara: “Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais...”. Observe a réplica das pessoas, “Em que te roubamos?” Deus responde secamente que eles roubavam nos dízimos e ofertas.

7. A última vez que vemos esta sequencia de pergunta e resposta está no versículo 13 do mesmo capítulo, que é semelhante à Malaquias 1.6. Aqui, Deus diz: “As vossas palavras foram duras para mim, diz o SENHOR...”. As pessoas tinham questionado o amor de Deus, desprezado o Seu nome, contaminado os sacrifícios, atacado Sua justiça, questionado Seus mandamentos e retido os dízimos. Mas o povo e os sacerdotes respondem mais uma vez com muita hipocrisia: “Que temos falado contra ti?”.

Assim, o livro de Malaquias é um chamado ao arrependimento. É uma mensagem de exortação à religião frouxa e oca e, ainda mais importante, uma mensagem que mostra o caminho de volta a fé genuína (3.6).[15] Malaquias não apenas exorta ao povo, mas ele mostra também o antídoto para a degeneração espiritual.

O pregador da Capela de Westminster em Londres, G. Campbell Morgan, cuidadosamente relaciona o espírito errado e arrogante do povo nos dias de Malaquias com a atitude idêntica que prevalece em tantos supostos círculos cristãos.[16] “Essas pessoas não estão em rebelião contra Deus, nem negam o Seu direito de sacrifícios, mas eles estão trabalhando sob a ilusão de que levaram as ofertas e têm sido fiéis a Ele o tempo todo. Não é a linguagem de um povo que diz: ‘Vamos deixar o sacrifício e o culto, e vamos fazer o que quisermos’, mas é a língua de um povo que diz, ‘Nós estamos sacrificando e adorando e agradando a Deus’. E quando o profeta diz o que Deus pensa, o povo, com espanto e impertinência, olha no rosto do profeta e diz, 'Nós não fizemos isso tudo!” Traduzindo para o idioma do Novo Testamento, “tendo forma de piedade, negam o poder” (2Tm 2.5).

Apesar de tantas acusações, o povo se considerava inocente. G. Campbell Morgan estava certo ao citar a carta de Paulo a Timóteo. Nesta carta, o apóstolo Paulo escreve sobre os últimos dias da história deste mundo: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus...” (2Tm 2.1-4).

Esse é um quadro terrível. Mas o que torna ainda mais aterrador é o contexto em que Paulo coloca esta depravação. Paulo não está escrevendo sobre o mundo em geral, o mundo secular ou qualquer outro momento. Ele está escrevendo sobre a igreja nominal e descrevendo a moralidade de quem tem “uma forma de piedade”, mas nega o seu poder.[17] Esse era o problema na época de Malaquias. Havia culto, mas faltava vida!

O Esboço do Livro:

Malaquias é o único livro profético que termina com uma ameaça de julgamento, em vez de esperança. O que começou com uma bênção no Jardim do Éden, terminou com a ameaça de uma maldição por causa do pecado. Mas o Novo Testamento revela a solução do Deus gracioso, a vinda do Senhor Jesus Cristo para suportar a maldição de nossos pecados.

Há amplo consenso de que a profecia de Malaquias se divide em seis seções claramente marcadas que seguem a forma de um diálogo em execução.[18] As seis seções são:

I. 1.1-5 – Introdução. Deus prova o seu amor para Israel ao comparar o Seu tratamento com Edom.

II. 1.6-2.9 – Deus repreende o sacerdócio por sua perversão das ordenanças e a lei de Deus.

III. 2.10-16 – Deus repreende o povo para perverter ordenança de Deus do casamento ao se casar com parceiros incrédulos e por se divorciar de suas esposas.

IV. 2.17-3.6 – Deus anuncia seu mensageiro, que preparará o caminho para o Messias.

V. 3.7-12 – Deus repreende o povo por reter os dízimos e as ofertas devidas a Deus.

VI. 3.13-4.6 – Deus prevê os destinos dos ímpios e dos justos.


[1] Kaiser, W. C. (1999). 1421 נָשָׂא. In R. L. Harris, G. L. Archer, Jr. & B. K. Waltke (Eds.), Theological Wordbook of the Old Testament (R. L. Harris, G. L. Archer, Jr. & B. K. Waltke, Ed.) (electronic ed.) (600). Chicago: Moody Press.

[2] Benton, J. (1985). Losing Touch with the Living God: The Message of Malachi. Welwyn Commentary Series (13). Darlington, England: Evangelical Press.

[3] Ellsworth, R. (2007). Opening up Malachi. Opening Up Commentary (18–19). Leominster: Day One Publications.

[4] A pregação da Palavra de Deus é a Palavra de Deus. Portanto, quando esta Palavra é agora anunciada na Igreja por pregadores legitimamente chamados, cremos que a própria Palavra de Deus é anunciada e recebida pelos fiéis; e que nenhuma outra Palavra de Deus pode ser inventada, ou esperada do céu: e que a própria Palavra anunciada é que deve ser levada em conta e não o ministro que a anuncia, pois, mesmo que este seja mau e pecador, contudo a Palavra de Deus permanece boa e verdadeira. Segunda Confissão Helvética. Elaborada em 1562 por Heinrich Bullinger, publicada em 1566 por Frederico III da Palatina, adotada pelas Igrejas Reformadas da Suíça, França, Escócia, Hungria, Polônia e outras.

[5] MacArthur, J. (1997, c1992). Rediscovering expository preaching (26). Dallas: Word Pub.

[6] Walvoord, J. F., Zuck, R. B., & Dallas Theological Seminary. (1985). The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Ml 1.1). Wheaton, IL: Victor Books.

[7] Benton, J. (1985). Losing Touch with the Living God: The Message of Malachi. Welwyn Commentary Series (11). Darlington, England: Evangelical Press.

[8] Kaiser, W. C., & Ogilvie, L. J. (1992). Vol. 23: Micah, Nahum, Habakkuk, Zephaniah, Haggai, Zechariah, Malachi. The Preacher’s Commentary Series (448–450). Nashville, TN: Thomas Nelson Inc.

[9] Kaiser, W. C., & Ogilvie, L. J. (1992). Vol. 23: Micah, Nahum, Habakkuk, Zephaniah, Haggai, Zechariah, Malachi. The Preacher’s Commentary Series (450). Nashville, TN: Thomas Nelson Inc.

[10] ARNOLD, Bill T. and Bryan E. Beyer. Descobrindo o Antigo Testamento. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 470.

[11] Kaiser, W. C., & Ogilvie, L. J. (1992). Vol. 23: Micah, Nahum, Habakkuk, Zephaniah, Haggai, Zechariah, Malachi. The Preacher’s Commentary Series (451–452). Nashville, TN: Thomas Nelson Inc.

[12] ELLISEN, Stanley, A. Conheça Melhor o Antigo Testamento. São Paulo: Editora Vida, 2002, p. 345.

[13] Boice, J. M. (2002). The Minor Prophets: An expositional commentary (573). Grand Rapids, MI: Baker Books.

[14] Boice, J. M. (2002). The Minor Prophets: An expositional commentary (574–575). Grand Rapids, MI: Baker Books.

[15] Benton, J. (1985). Losing Touch with the Living God: The Message of Malachi. Welwyn Commentary Series (16). Darlington, England: Evangelical Press.

[16] G. Campbell Morgan, Malachi’s Message for Today (Grand Rapids: Baker, 1972), 30–31.

[17] Boice, J. M. (2002). The Minor Prophets: An expositional commentary (576). Grand Rapids, MI: Baker Books.

[18] Kaiser, W. C., & Ogilvie, L. J. (1992). Vol. 23: Micah, Nahum, Habakkuk, Zephaniah, Haggai, Zechariah, Malachi. The Preacher’s Commentary Series (452). Nashville, TN: Thomas Nelson Inc.