segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

3 - Suor e Lágrimas


O trabalho desempenhado pelos missionários presbiterianos foi recompensado pelo Senhor com o acréscimo de mais cinco pessoas que professaram a fé em 22 de junho de 1862. Entre eles havia um brasileiro, Serafim Pinto Ribeiro.[1]. Além dele, também houve a recepção de um escocês, Robert Duncan e os portugueses, Francisco José da Costa e José Maria Ferreira e sua mulher Eulália Cândida, cujo casamento o próprio Simonton celebrara. [2]


No ano seguinte eles receberam dezesseis novos crentes: treze por profissão de fé (doze que falavam português e um de fala inglesa) e três por certidões de transferência.[3] De março de 1862 a julho de 1863, Simonton esteve nos Estados Unidos.
O ano de 1864 ficaria marcado na vida de Simonton. Durante a viagem feita aos Estados Unidos, no ano anterior, ele perdera a sua mãe que estava muito enferma. Quando retornou para o Brasil, sua esposa Helen que estava grávida, não suportou as dificuldades do parto e faleceu. Diante do caixão da esposa, Simonton disse: “Deus tenha piedade de mim agora, pois águas profundas rolaram sobre mim. Helen está estendida em seu caixão na salinha da entrada, Deus a levou tão de repente que ando como quem sonha.”[4]
 Todavia, mesmo abalado emocionalmente pela perda da esposa, Simonton deu seqüência ao seu trabalho. E no mesmo ano, doze novos crentes foram recebidos por profissão de fé, só dois falavam inglês. Entre eles estava o ex-padre José Manoel da Conceição (23/10/1864), que professou a fé e foi batizado. Mais tarde, JMC como ficou conhecido se tornaria o grande reformador protestante brasileiro.[5] Seis crianças foram batizadas, entre elas a filha de Simonton, Helen M. Simonton (05/07/1864), que foi batizada pelo Rev. Blackford.[6]



O dia do batismo de sua pequena filha, sem dúvida alguma foi um dos dias mais difíceis para Simonton. Em seu Diário de 5 de julho de 1864 está registrado:

“Esta tarde minha pequena foi batizada, na Rua do Regente, 42A. Celebramos a Santa Ceia do Senhor em português. Somente um fardo resta sobre mim, fardo que devo carregar sem reclamar de Deus que é tão bom, cujo amor é fonte de toda felicidade, cuja promessa de vida eterna é só o que me dá forças para viver; colocou sobre mim este fardo. Antes, quando o Sr. BIackford esteve aqui, havíamos falado no futuro batismo; no nome da criança, que seria Mary Cole. Tudo foi diferente. Só o que hoje tenho de Helen Murdoch é a criança. Contudo, enquanto, na Santa Ceia, eu falava da comunhão dos santos no Céu, minha perda já não parecia ser total. Graças sejam dadas a Deus pela esperança que não é muda nem desesperada em presença da morte. Sim. Graças a Ele que morreu e viveu outra vez, pela firme crença de que o sentimento natural, tão rebelde contra o que aconteceu, não conta a verdade toda; que há bálsamo até para feridas como esta. O céu é o lar dos que creem; é o meu lar. Todos os que me são caros estão lá: meu Pai, minha Mãe, minha irmã e minha Esposa. Jesus está lá.”

Os principais cooperadores de Simonton nesse período foram: seu cunhado Alexander L. Blackford, que em 1865 organizou as igrejas de São Paulo e Brotas; Francis J. C. Schneider, que trabalhou entre os imigrantes alemães em Rio Claro, lecionou no seminário do Rio e foi missionário na Bahia; George W. Chamberlain, grande evangelista e operoso pastor da Igreja de São Paulo.


[1] Dele diz o registro: “Tem 22 anos, carpinteiro e negociante, tem instrução rudimentar. É grave, diligente, sincero no temperamento e no comportamento. Por dezoito meses possuiu a Bíblia, até certo ponto, com indiferença e oposição. Há uns quatro meses, porém, conversando com o Sr. Bernardino, e talvez alguns outros irmãos, sua mente se despertou a uma busca mais cuidadosa e mais honesta da verdade. Cedo se convenceu do erro de seu antigo credo, destruiu as imagens, atirando-as no canal. Começou a freqüentar as reuniões na casa do Sr. Bernardino, na Saúde, e minhas pregações na rua Nova do Ouvidor. Seu exame foi muito satisfatório, mostrando apreensão correta da verdade, sincero amor para com o Salvador e clara mudança de coração. Pediu para ser batizado, dizendo que fora batizado na fé idólatra e que desejava ser batizado na fé em Cristo.” FERREIRA, Júlio Andrade. Op. cit., p. 29.
[2] No Livro de Atas da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, pp. 5 e 161. o Sr. Serafim Pinto Ribeiro seria excluído (“riscado do rol da Igreja”) em 31/01/1867.
[3] Relatório de Simonton entregue ao Presbitério do Rio de Janeiro no dia 10/07/1866, p. 5.
[4] SIMONTON, Diário. Op. cit., p. 191. 28 de junho de 1864.
[5] SIMONTON, Diário. Op. cit., p. 194. 26 de julho de 1864.
[6] SIMONTON, Diário. Op. cit., p. 192. 

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