quarta-feira, 11 de julho de 2012

Resolvendo conflitos internos – Ne 5.1-19

estudo 5 por Rev. Jocarli A. G. Junior
Um homem ouviu sua filha e alguns de seus amigos discutindo alto no quintal. Ele saiu e repreendeu-a. “Mas Papai”, ela protestou: “estávamos apenas brincando de igreja”.
É triste, mas é verdade, que a igreja de Jesus Cristo tem sido muitas vezes mais caracterizada pelas facções do que pela comunhão. J. Vernon McGee observa que: “Na história da igreja, vemos que quando o diabo não pode destruir a igreja pela perseguição, ele se junta a ela!” Se você é um cristão há muito tempo, você provavelmente já esteve em uma igreja que passou por uma cisão.
Porém, não importa a causa da desunião, devemos trabalhar na resolução de conflitos na igreja de uma maneira bíblica. Paulo exorta para que nos esforcemos “diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef 4.3). Em Romanos, ele declara que devemos perseguir “... As coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros” (Rm 14.19). Se desejamos a bênção de Deus, Pedro diz que devemos buscar “... A paz e empenhar-se por alcançá-la” (1Pe 3.11b). Neste caso, a passividade não é adequada. Devemos prosseguir na paz de forma piedosa, sem comprometer a verdade ou a santidade.
Em nosso último estudo no capítulo 4, Neemias não teve uma tarefa fácil na tentativa de restaurar os muros de Jerusalém. Os capítulos 4 e 6 mostram como ele teve que enfrentar a oposição dos inimigos externos. Todavia, o capítulo 5 mostra como ele teve que lidar com os conflitos internos.
O capítulo se divide em três partes: versos de 1 a 5, as queixas que Neemias ouviu; os versículos de 6 a 13, os passos que ele tomou; os versos de 14 a 19, o exemplo de Neemias.[1] O comentarista Warren Wiersbe sabiamente divide o capítulo cinco em três atos: um grande clamor (5.1-5); uma grande assembleia (5.6-13) e um grande exemplo (5.14-19).[2]

I. Um grande clamor (5.1-5)
1 Foi grande, porém, o clamor  do povo e de suas mulheres contra os judeus, seus irmãos. 2 Porque havia os que diziam: Somos muitos, nós, nossos filhos e nossas filhas; que se nos dê trigo, para que comamos e vivamos.
No meio de uma “grande e extensa obra” (4.19) para um “grande Deus” (1.5), um “grande clamor” (5.1) foi ouvido entre os judeus. Eles não estavam gritando contra os samaritanos, os amonitas, ou os árabes, mas contra seu próprio povo! Judeus estavam explorando judeus, e a situação econômica tornou-se tão desesperada que até as mulheres se juntaram ao protesto.[3] A crise havia chegado a um nível tal que não ameaçava apenas a sobrevivência das famílias mais pobres, mas inclusive a conclusão da restauração dos muros.
Os cinco primeiros versículos do capítulo cinco apresentam as queixas de três fontes diferentes. Observe as frases: “porque havia os que diziam...” (v. 2), “Também ouve os que diziam...” (v. 3), e “Houve ainda os que diziam...” (v. 4). As queixas não surgiram apenas de um grupo, mas a partir de três grupos diferentes. Há três grupos distintos mencionados nestes versículos.
O primeiro grupo a reclamar foram os mercadores e trabalhadores (Ne 5.2). Embora os moradores houvessem retornado para Jerusalém muitos anos antes, eles ainda estavam cercados de problemas econômicos. Devemos lembrar que aqueles que estavam trabalhando nos muros, eram em sua maioria, agricultores que haviam deixado suas terras para cooperarem com a obra. E não havia ninguém para cuidar de suas plantações. Agora, sem fonte de renda, já não podem sustentar os que dependem deles. Seus recursos foram usados. A situação que enfrentam é negra. Não há saída do impasse, a não ser que recebam ajuda de fora.[4] Apesar de terem penhorado os filhos, esse grupo ainda não tem comida.
O segundo grupo a reclamar foram os fazendeiros (Ne 5.3). “As nossas terras, as nossas vinhas e as nossas casas hipotecamos para tomarmos trigo nesta fome” – O segundo grupo também estava enfrentando a escassez de alimento. Diante disto, o fazendeiro, para sustentar a família tomava dinheiro emprestado, hipotecando o campo, ou dando a colheita como garantia. Aparentemente, a inflação estava em ascensão, e os preços estavam cada vez mais elevados. A combinação de dívida e inflação é suficiente para acabar com patrimônio de uma pessoa muito rapidamente.[5] Os juros eram exorbitantes. Aqueles que tinham posse estavam cada vez mais ricos e os pobres cada mais desprovidos.
Os agiotas judeus não hesitavam em tomar as terras e até mesmo os filhos e filhas dos pobres infelizes para receberem o seu dinheiro. E o próprio Deus é contra a essa prática opressora: (Dt 23.19,29; 24.10-13). Ela também feria o principio do ano do jubileu (Lv 25.10, 14-17, 25-27).
O terceiro grupo a reclamar foram os que sofriam com os impostos. Judá, como todas as demais províncias da Pérsia, tinha de pagar impostos, uma parte em dinheiro, outra em produtos da terra. Ou seja, além da fome e das dívidas contraídas para terem o pão de cada dia, ainda tinham de pagar pesados tributos a Pérsia.
Aqueles que não queriam hipotecar os seus bens, tinham que pedir dinheiro emprestado aos seus irmãos judeus para pagar os impostos ao rei Artaxerxes (v. 4). Para reembolsar seus credores, os judeus desfavorecidos tiveram que vender seus filhos para a escravidão (v. 5; cf. Êx 21.2-11; Dt 15.12-18). Isto, obviamente, os deixou em um estado sem esperança.[6]
A lei permitia que os judeus emprestassem dinheiro uns aos outros, mas não deveriam cobrar juros como faziam os agiotas (Dt 23.19, 20). Antes, deveriam tratar uns aos outros com respeito e não deveriam aceitar nada como garantia prolongada (Dt 24.10-13; Êx 22.25-27; Lv 25.35-46).
Um dos propósitos do “Ano de Jubileu” (Lv 25) era equilibrar o sistema econômico de Israel a fim de que os ricos não pudessem ficar ainda mais abastados e os pobres ainda mais destituídos. No qüinquagésimo ano, todas as dívidas tinham de ser perdoadas, todas as terras deveriam ser restituídas aos seus proprietários originais e todos os servos deveriam ser libertados. [7]
Além das questões apontadas nos vv. 2-4, o v. 5b indica que muito provavelmente as moças eram abusadas sexualmente por aqueles a quem elas tinham sido entregues como penhor.[8] “... e eis que sujeitamos nossos filhos e nossas filhas para serem escravos, algumas de nossas filhas já estão reduzidas à escravidão” (v. 5). A palavra “sujeitar” (kābaš, em hebraico) é usada no sentido de forçar/violentar sexualmente em Ester 7.8. O desespero dos pais diante dessa situação humilhante de suas filhas é que eles não podiam fazer mais nada.
A atitude de Neemias diante desse problema foi uma demonstração de verdadeira liderança.
II. Uma grande assembleia (5.6-13)
Neemias é um exemplo de liderança piedosa. Ele poderia ter dito a essas pessoas, “Estou muito ocupado na restauração dos muros. Volte em seis semanas e vamos conversar”. Mas Neemias percebeu que os problemas eram significativos e urgentes. Assim, ele interrompeu a reforma dos muros para ouvir e ajudar a resolver este assunto. Ele tomou cinco decisões que os líderes devem imitar:
1. Neemias ficou muito aborrecido.
“Ouvindo eu, pois, o seu clamor e estas palavras, muito me aborreci” (v. 6) – Franky Schaeffer, escreveu um livro intitulado A Time for Anger: The Myth of Neutrality. No livro, ele escreve: “Há momentos em que qualquer pessoa com um pingo de princípio moral deve ficar profundamente irritada”. Para Neemias, este foi um desses momentos.[9]
A raiva de Neemias surgiu do fato de que os nobres e magistrados em vez de agirem com compaixão para com os menos afortunados, viram isso como uma oportunidade de explorar os pobres.
“Depois de ter considerado comigo mesmo, repreendi os nobres e magistrados...” (v. 7) – A palavra “repreender” implica numa admoestação severa por comportamento inadequado que precisa ser mudado! De fato, Deus não estava satisfeito com o comportamento ganancioso e explorador dos “ricos”.
“... Vocês estão explorando os seus irmãos!” (v. 7, NTLH) – Os judeus ricos estavam cobrando juros de seus irmãos que estavam precisando desesperadamente de uma ajuda financeira só para colocar comida na mesa. Moisés instruiu os israelitas como tratar um irmão com dificuldades financeiras: “Se você emprestar dinheiro a algum pobre do meu povo, não faça como o agiota, que cobra juros” (Êx 22.25, NTLH).
“Disse-lhes:  nós resgatamos os judeus, nossos irmãos, que foram vendidos às gentes, segundo nossas posses; e vós outra vez negociaríeis vossos irmãos, para que sejam vendidos a nós?” (v. 8) – Além disso, Neemias acusa-os de fazer a mesma coisa que os judeus tinham sofrido. Ou seja, os judeus tinham acabado de sair do cativeiro na babilônia, e agora os nobres e os magistrados estão escravizando os próprios irmãos. Neemias apontou o absurdo do comportamento de vender os judeus aos gentios, já que eles haviam sido resgatados uma vez (Levítico 25). Os nobres e magistrados estavam claramente violando a lei de Deus. Eles estavam mais preocupados com os “bolsos” do que em obedecer à Palavra de Deus.
2. Neemias teve domínio próprio.
“Depois de ter considerado comigo mesmo...” (v. 7) Isso é muito significativo! Ele não saiu irado a fim de confrontar àqueles que estavam errados. Ele parou, esfriou a cabeça, pensou e, certamente, clamou a Deus sobre esse assunto, e só então agiu. O livro de Provérbios tem muito a nos ensinar sobre isso: “Melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o que domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade” (Pv 16.32). Todos, mas especialmente os líderes, precisam exercer o domínio próprio quando ficam com raiva.
Ao “considerar” a situação dos oprimidos, Neemias resolveu confrontar os opressores biblicamente. Primeiro, de forma particular, depois, de forma pública, conforme Mateus 18. Não sabemos se Neemias teve testemunhas diante do encontro com os poderosos, mas ele estava seguindo o procedimento geral.[10]
Ele foi bem sucedido? Aparentemente não! Assim, Neemias passou para um confronto público.
3. Neemias seguiu os princípios de confronto bíblico.
“... e convoquei contra eles um grande ajuntamento” (v. 8) – É fácil ficar com raiva, mas depois de refrescar cabeça, não fazer nada. Antes de tudo, é difícil e desconfortável enfrentar aqueles estão causando problemas. É mais difícil ainda confrontar aqueles que são ricos e poderosos, “nobres e magistrados”. E se eles agissem na defensiva e deixassem de apoiar o projeto? E se eles usassem o poder para causar mais danos. Talvez, outro líder terminaria a restauração dos muros primeiros, para somente depois, tratar o problema com os ricos e poderosos. Mas não foi isso que Neemias fez.
Ele convocou uma grande assembleia e explicou o problema, em seguida, ele repreendeu os líderes (5.8), apontou como ele e outros tinham redimido seus irmãos judeus que tinham sido vendidos às nações, mas agora eram os próprios judeus que vendiam seus irmãos à escravidão. Eles não podiam achar uma palavra para responder (v. 9). Ele ainda afirmou que seu comportamento não era bom diante dos inimigos.
Alguns pensam que Neemias (5.10) está admitindo seu próprio passado falho ao emprestar dinheiro a juros aos seus compatriotas judeus (com base no plural “vamos deixar de fora a usura”), porém, entendemos que ele está apenas usando o plural para se identificar com estes homens. Neemias havia emprestado dinheiro de acordo com a Lei, sem cobrança de juros. Ele, na verdade, está apelando a estes homens ricos para se juntarem a ele para fazerem o mesmo. Em seguida, ele suplica aos nobres e magistrados para restituir as terras, vinhas, olivais e suas casas, como também o centésimo do dinheiro,  do trigo, do vinho e do azeite, que exigistes deles (v. 11).
Há muitos líderes cristãos que têm medo de enfrentar aqueles que falharam, seja em particular ou em público. Esse temor aumenta quando a pessoa é rica e poderosa. Mas devemos seguir o exemplo de Neemias de confrontar aqueles que estão em pecado. Neemias exibiu a ira adequada e domínio próprio. Sua raiva lhe deu a coragem para enfrentar aqueles que estavam errados.
A grande assembleia foi concluída com três ações que enfatizavam a gravidade da ocasião:
Em primeiro lugar, Neemias sacudiu as dobras de seu manto. Na tradição dos profetas, ele dramaticamente sacudiu seu manto na frente deles e disse: “Assim o faça Deus, sacuda de sua casa e de seu trabalho a todo homem que não cumprir esta promessa; seja sacudido e despojado” (5.13). Isso é fazê-los assinar na linha pontilhada! Surpreendentemente, ninguém disse: “Você não confia em nós?” Pelo contrário, eles acataram o pedido de Neemias.
Em segundo lugar, a assembleia respondeu com um amém coletivo. Era um consentimento solene ao que havia sido dito e feito (Ne 8.6 e Dt 27.14). O termo amém significa “assim seja”; em outras palavras: “Que o Senhor faça tudo que tu disseste!” Era um ato de adoração que tornava a assembleia toda parte das decisões tomadas.[11]
Em terceiro lugar, a assembleia unida louvou ao Senhor. Como Davi, que depois de fazer votos a Deus, cantou e louvou ao Senhor, Sl 56.12. Mas o que se segue foi ainda melhor: “... E o povo fez segundo a sua promessa” (v. 13). Eles fizeram de acordo com esta promessa, e respeitaram o que tinham sido estabelecido, e não como o povo na época de Jeremias que, libertaram os escravos, mas depois mudaram de ideia, e os fizeram voltar, e os obrigaram a se tornarem escravos de novo (Jr 34.10–11). Promessas são coisas boas, mas boas ações são tudo em todos.[12] Este resultado mostra que Deus pode ser glorificado quando lidamos de modo certo com as questões.[13]
Em todos esses anos como pastor, posso dizer que ver as pessoas respondendo prontamente a correção é algo raro! Mas não deveria ser. Em Hebreus temos uma exortação que soa estranha em nossos dias quando as pessoas não têm noção de se estar sob a autoridade espiritual: “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida,  imitai a fé  que tiveram” (Hb 13.7).
III. Um grande exemplo (5.14-19)
14 Também desde o dia em que fui nomeado seu governador na terra de Judá,  desde o vigésimo ano até ao trigésimo segundo ano do rei Artaxerxes, doze anos, nem eu nem meus irmãos comemos o pão devido ao governador.
Em nossos dias de escândalos públicos em quase todas as áreas da vida, especialmente na política, como é refrescante encontrar um homem como Neemias que colocou o serviço do povo à frente de seus próprios interesses.
Durante seu primeiro mandato de doze anos como governador, e depois durante seu segundo mandato (Ne 13.6-7), ele usou seus privilégios para ajudar as pessoas e não as pessoas para ter privilégios. Vemos neste texto alguns atributos de um verdadeiro líder. O líder deve ser reconhecido por aquilo que faz e também por aquilo que não faz.
Em primeiro lugar, ele colocou de lado os seus direitos e não tirou proveito de sua posição e poder (5.14-15).
Neemias não usufruiu de alguns dos privilégios que teria como governador persa de uma província. O primeiro direito do qual abriu mão foi o de receber o “pão devido ao governador” (v. 14), uma cota estipulada de gêneros alimentícios para manter a chancelaria.[14] Neemias menciona que os governadores anteriores não agiam assim. Pelo contrário, exploravam o povo, cobrando 40 siclos de prata (450g) diários (v. 15). Além disso, os funcionários da província exploravam o povo. Neemias diz que assumiu os custos da manutenção da estrutura administrativa por causa do temor a Deus.
Muitos líderes cristãos caem na armadilha de pensar que sua posição dá-lhes certos direitos e poder. Devemos seguir o exemplo do Senhor Jesus, que pôs de lado os seus direitos para assumir a forma de servo e ser obediente até a morte na cruz (Fp 2.1-11).
Em segundo lugar, ele temia a Deus e se preocupava com pessoas feridas (5.15 b, 18b).
Neemias dá duas razões pelas quais ele contrariou a tendência de seus antecessores e pôs de lado os seus direitos: ele temia a Deus (5.15 b), e ele estava preocupado, “porque a servidão do povo era grande” (5.18 b). Cada homem na liderança deve lembrar constantemente que é apenas um servo em Deus, e que ele vai prestar contas a Deus um dia. Isto é, não é a “minha igreja”, e sim, a “igreja de Cristo”, o Supremos Pastor.
Em terceiro lugar, ele foi generoso e pronto para compartilhar (5.17-18).
Todos eles participaram da reconstrução do muro (v. 16). Eles não eram assessores que, ocasionalmente, saíam de suas torres de marfim, mas trabalhadores que estavam com as pessoas na reconstrução da defesa da cidade. Jesus disse: “Eu estou entre vocês como quem serve” (Lc 22.27), e Neemias e seus assessores tiveram a mesma atitude.
“Antes, também na obra deste muro fiz reparação, e terra nenhuma compramos...” (v. 16) – Jerusalém estava prestes a passar por um “boom” imobiliário. Sabendo disso, Neemias e seus companheiros poderiam ter comprado terras mais baratas antes de anunciar o projeto e depois vendê-las a um lucro exorbitante. Mas o soldado em serviço não se envolve em assuntos do cotidiano, de modo que ele pode agradar a quem o alistou (2Tm 2.4). Neemias manteve seu foco no trabalho.
“Também cento e cinqüenta homens dos judeus e dos magistrados e os que vinham a nós, dentre as gentes que estavam ao nosso redor, eram meus hóspedes” (v. 17) – Além disso, ele regularmente alimentava mais de 150 convidados, ambos residentes e visitantes, e dava-lhes uma refeição maravilhosa! (Veja 1Reis 4.22-23). Estima-se que esta quantidade de comida atenderia às necessidades de mais de 500 convidados, assim Neemias deve ter mantido a “casa aberta” constantemente. Neemias era generoso com os outros e não exigiu nenhuma recompensa.
Foi algo custoso alimentar a todos de seu próprio bolso, mas ele estava disposto a fazê-lo para que não tivesse que impor um fardo àqueles que já estavam sobrecarregados. Um líder deve ser um exemplo de generosidade.
Em quarto lugar, Ele trabalhou para a aprovação de Deus (5.19).
Neemias não estava trabalhando para aplausos, mas para alcançar a aprovação de Deus. Matthew Henry escreve: “Ele menciona a Deus em oração não como se ele achava que tinha que merecer qualquer favor de Deus, como uma dívida, mas para mostrar que ele não olhou para nenhuma recompensa da generosidade dos homens, mas dependia apenas de Deus para fazer até o que ele tinha perdido, o favor de Deus era o suficiente”.[15]
Esta é a quarta oração de Neemias (1.5; 2.5; 4.4), uma maravilhosa expressão de adoração e humildade. Ele pode deixar de lado as vantagens temporais porque buscava apenas a aprovação de Deus. Ele estava satisfeito por saber que sua recompensa viria do Senhor.[16] Ele estava mais interessado na aprovação divina do que nas vantagens que poderia alcançar em seu cargo como governador ou até mesmo dos aplausos que poderia angariar. Que grande exemplo, que grande líder, que grande coração!
Conclusão:
Poderíamos nos perguntar: “Por que Deus incluiu este capítulo sobre os conflitos internos dos judeus?” Talvez a melhor resposta seja esta: Conflitos não resolvidos e lutas na igreja em causarão mais danos para a restauração dos muros em Jerusalém, do que poderiam fazer os inimigos Sambalate e Tobias.
O capítulo 5 de Neemias é um grande incentivo para resolver os conflitos na igreja com sucesso. Problemas não resolvidos podem trazer terríveis consequências. Às vezes guardamos mágoas em nosso coração, ressentimentos que duram anos e anos e que nenhum bem traz à nossa saúde. As decepções armazenadas ao longo dos anos servem apenas para destruir nossas forças, fomentar intrigas e privar-nos da alegria de viver em paz, em harmonia.
Lidar com a amargura é algo extremamente sério. Alguém disse: “não devemos magoar o coração de uma pessoa, afinal de contas, podemos estar dentro dele!”
Você teria a coragem de usar a mesma leiteira do dia anterior para ferver o leite, sem antes lavá-la? O leite certamente ficaria azedo. O mesmo acontece com o nosso coração quando permitimos que amargura crie raízes. Nosso coração azeda, bem como nossas palavras.
Conforme Warren Wiersbe, o capítulo cinco oferece algumas lições importantes para àqueles que são líderes, observe:
Em primeiro lugar, espere problemas no meio do povo. Onde houver pessoas, há o potencial para problemas. Onde quer que a obra de Deus prospere, o inimigo faz todo o possível para também haver dificuldades. Não se surpreenda quando as pessoas de seu grupo nem sempre conseguirem se dar bem umas com as outras.
Em segundo lugar, tenha coragem para confrontar os problemas. Não ignore os problemas. Todo problema ignorado será enterrado, criará raízes mais profundas e dará frutos amargos. Ore pedindo a ajuda de Deus e trate do problema o mais rápido possível.
Em terceiro lugar, tenha coragem para ser diferente. Uma consciência pesada lhe tirará a autoridade espiritual necessária para oferecer uma liderança adequada, mas todo sacrifício que tiver feito lhe dará a força adicional que precisa para derrotar o inimigo.
Em quarto lugar, veja em cada problema uma oportunidade para Deus lhe dar a Vitória. Resolver os problemas que surgem no ministério não é um exercício intelectual, mas sim uma experiência espiritual. Tudo o que dissermos e fizermos deve ser motivado pelo amor, controlado pela verdade e feito para a glória de Deus.[17]

[1] Packer, J. I. (1995). A passion for faithfulness: Wisdom from the book of Nehemiah. Wheaton, IL: Crossway Books.
[2] Wiersbe, W. W. (1996). Be Determined. “Be” Commentary Series (57). Wheaton, IL: Victor Books.
[3] Wiersbe, W. W. (1996). Be Determined. “Be” Commentary Series (57–59). Wheaton, IL: Victor Books.
[4] BARBER, Cyril J. Neemias e a dinâmica da liderança eficaz. São Paulo: Editora Vida, 1991, p. 70.
[5] Wiersbe, W. W. (1996). Be Determined. “Be” Commentary Series (59). Wheaton, IL: Victor Books.
[6] Walvoord, J. F., Zuck, R. B., & Dallas Theological Seminary. (1985). The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Ne 5.1–5). Wheaton, IL: Victor Books.
[7] Wiersbe, W. W. (1996). Be Determined. “Be” Commentary Series (59–60). Wheaton, IL: Victor Books.
[8] TÜNNERMANN, Rudi. As Reformas de Neemias. São Paulo: Editora Sinodal, 2001, p. 148.
[9] Franky Schaeffer, A Time for Anger: The Myth of Neutrality. Westchester, Ill.: Crossway Books, 1982. Page 15.
[10] Boice, J. M. (2005). Nehemiah: An expositional commentary (63–64). Grand Rapids, MI: BakerBooks.
[11] Wiersbe, W. W. (1996). Be Determined. “Be” Commentary Series (65). Wheaton, IL: Victor Books.
[12] Henry, M. (1994). Matthew Henry’s commentary on the whole Bible: Complete and unabridged in one volume (Ne 5.6–13). Peabody: Hendrickson.
[13] BARBER, Cyril J. Neemias e a dinâmica da liderança eficaz. São Paulo: Editora Vida, 1991, p. 18.
[14] TÜNNERMANN, Rudi. As Reformas de Neemias. São Paulo: Editora Sinodal, 2001, p. 160.
[15] Henry, M. (1994). Matthew Henry’s commentary on the whole Bible: Complete and unabridged in one volume (Ne 5.14–19). Peabody: Hendrickson.
[16] BARBER, Cyril J. Neemias e a dinâmica da liderança eficaz. São Paulo: Editora Vida, 1991, p. 84.
[17] Wiersbe, W. W. (1996). Be Determined. “Be” Commentary Series (68). Wheaton, IL: Victor Books.

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