terça-feira, 19 de março de 2013

Pedro foi o primeiro papa?

Sem título-1por Rev. Jocarli A. G. Junior

Ontem, 19/03, durante o Jornal Nacional, a jornalista Isis Scamparini, ao comentar sobre a primeira missa do argentino Jorge Bergoglio em Roma, declarou que Pedro foi o primeiro papa. Será mesmo? O que há de errado com essa declaração? O que a Bíblia diz sobre isso?

Para o Catolicismo Romano o apóstolo Pedro foi o primeiro Bispo de Roma, e o Papa não é apenas o seu sucessor linear no cargo, mas também o herdeiro em sua plenitude.

Será que Pedro foi realmente o primeiro de uma longa sucessão de papas colocado à frente da igreja universal (verdadeira) pelo próprio Jesus? O que o Senhor Jesus quis dizer ao declarar: “... tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja...” (Mateus 16.18)?

Precisamos entender que Jesus não deu autoridade especial ao apóstolo Pedro como o único fundamento sobre o qual Ele estabeleceria a igreja. Primeiro, é verdade que Jesus mudou o nome de Simão para Pedro (pedra pequena, João 1.42). Porém, Jesus fez um jogo de palavras com o termo petra, que significa um leito rochoso ou fundação (Mt 7.24-25). Mas quando Jesus se refere à fundação da igreja Ele usa a palavra petra que pode se referir metaforicamente à confissão de Pedro ou o próprio Jesus. Além do mais, o próprio Pedro usa o mesmo termo, petra, para se referir a Cristo como a “Pedra de tropeço e rocha de ofensa” (1Pedro 2.8), que ele considerava como a pedra angular da Igreja (1Pedro 2.4-8). Não obstante, todo aquele que crê em Jesus Cristo e confessa-O como Salvador é uma “pedra viva” (1Pedro 2.5).

Somente Jesus Cristo é a pedra fundamental sobre a qual a igreja foi construída. Os profetas do Antigo Testamento proclamaram sobre isso (Salmo 118.22; Isaías 28.16). Jesus mesmo declarou essa verdade (Mateus 21.42), e assim o fez Pedro e os outros apóstolos (Atos 4.10-12). Paulo também declarou que o fundamento da igreja é Jesus Cristo (1Coríntios 3.11). Assim, este fundamento foi estabelecido pelos apóstolos e profetas quando pregaram Cristo aos perdidos (1Coríntios 2.1-2; 3.11; Efésios 2.20).

E o que Jesus quis dizer ao afirmar: “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus” (Mt 16.19)? – Embora a autoridade de “ligar e desligar” tenha sido dirigida a Pedro, no singular, foi dada a todos os discípulos: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus” (Mateus 18.18; cf. João 20.23).

E o que significa a expressão “chaves do reino”? Usamos chaves para abrir e fechar portas. Pedro recebeu o privilégio de abrir “a porta da fé” aos judeus no dia de Pentecostes (Atos 2), aos samaritanos (Atos 8.14), e aos gentios (Atos 10). Mas os outros Apóstolos compartilharam esta autoridade (Mateus 18.18) e Paulo teve o privilégio de “abrir a porta da fé” aos gentios fora da Palestina (Atos 14.27). Todavia, tudo o que for “ligado” ou “desligado” na terra já está “ligado” ou “desligado” no céu. Ou seja, quando a igreja declara que uma pessoa não arrependida está presa ao pecado, está simplesmente reconhecendo o que Deus diz sobre essa pessoa em Sua Palavra.

Embora tenha sido um grande líder na igreja do primeiro século, Pedro nunca foi apontado como o “primeiro papa” de uma longa estirpe de papas em Roma. Como Deus poderia construir Sua igreja sobre um homem falível como Pedro que depois de confessar a Cristo foi admoestado: “Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens” (Mt 16.23)?

Portanto, a jornalista Isis Scamparini está equivocada. O ensino da Escritura é que a igreja foi edificada sobre a rocha que é Jesus Cristo, não sobre Pedro. Em todo o Novo Testamento não encontramos nenhuma referência ao apóstolo Pedro como um líder especial da igreja primitiva. Aliás, no “Concílio de Jerusalém”, em Atos 15, isso não aconteceu, e o próprio Pedro jamais exigiu essa posição em suas duas epístolas. Na verdade, Pedro alegou ser nada mais do que um apóstolo (1Pedro 1.1), um presbítero (1Pedro 5.1) e um servo de Jesus Cristo (2Pedro 1.1).

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